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Elio Migliorança

Sem capacidade, nem seriedade

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Nas últimas semanas partilhei aqui experiências vividas na recente viagem que me levou ao outro lado do oceano, mas a gravidade da situação no Brasil obriga-me a uma pausa para analisar e denunciar as manobras que vão piorar ainda mais a situação. O Congresso Nacional analisa a reforma política e tributária. A questão central é que o governo e os políticos não possuem condições morais e nem capacidade para fazer as reformas necessárias.

O presidente denunciado gasta bilhões em emendas parlamentares, um câncer nacional que devia ser extinto, e o Congresso Nacional nunca esteve tão desmoralizado.Segundo estudo do Fórum Econômico Mundial, o Brasil tem os piores políticos do planeta. O país está em último lugar (137º) no ranking.

As reformas são necessárias e urgentes. Não apenas uma,na verdade precisamos de quatro reformas. A primeira é apolítica, mas não pode ser feita pelos políticos, pois eles estão criando mecanismos para garantir sua reeleição e, pior, com o nosso dinheiro via fundo partidário, que, segundo alguns parlamentares, não tira dinheiro do orçamento, mas das emendas parlamentares e do fim da isenção fiscal da veiculação de propaganda política.Parabéns senhores, esse dinheiro será tirado de dentro das abóboras e das jacas.

A reforma deveria ser feita por representantes das entidades organizadas no país que elaborariam o projeto o qual seria transformado em lei. Os dois itens fundamentais da reforma política dos quais os congressistas fogem como o diabo foge da cruz são: o fim da reeleição para todos os cargos e o fim do foro privilegiado. Esses dois itens resolvem 70% dos problemas políticos no país. A segunda reforma é a federativa. Estabelecer claramente as atribuições do governo federal, dos Estados e dos municípios e dividir os recursos públicos para atender as obrigações de cada um, acabando com a dependência dos Estados e municípios ao governo federal, que usa isso como instrumento de barganha política. A terceira reforma é a administrativa. Estabelecer as atribuições de cada órgão do Poder Público e acabar com a sobreposição de atribuições, pois existem órgãos federais, estaduais e municipais para cuidar do mesmo problema. Extinguir milhares de cargos de confiança e fazer cumprir a norma constitucional que estabelece o teto do salário e aposentadorias igual ao salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), acabando com todos os penduricalhos travestidos de auxílio moradia e viagem, verbas de ressarcimento e outras sacanagens criadas ao longo de muitos anos para engordar salários. E a quarta reforma é a tributária, mas não aquela que o governo quer para arrecadar mais e sim uma reforma que simplifique a tributação, elimine a sonegação e acabe com este outro golpe sujo chamado Refinanciamento de Dívidas Tributárias (Refis) que serve para premiar maus pagadores com descontos absurdos e isenção de multas.

E para concluir temos agora o supras sumo do absurdo: os senadores, muitos deles denunciados ou réus em processos judiciais, vão decidir se acatam ou não uma decisão do STF que afastou um senador do seu mandato.É um tempo de distorções e aviltamento da atividade política. Escrevo isso para provar que não sou radical,apenas faço parte da parcela não domesticada da opinião pública.

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