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Elio Migliorança

Esgotamento Moral

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Estamos prestes a tomar uma decisão estratégica elegendo os que governarão o país nos próximos quatro anos. A eles cabe apresentar plano de trabalho para que possamos escolher os melhores. É assim que funciona em países sérios e com eleitores esclarecidos. Porém, o que vemos é um festival de baixarias e embromação fazendo desta uma bizarra campanha política. No dia em que escrevi este artigo, os candidatos utilizaram 78% do tempo do programa político para atacar os adversários. É o mal fazendo a festa. Ao invés de falar de projetos, usam o tempo para falar mal dos outros. Mas no item corrupção fizemos um progresso extraordinário. Os escândalos agora estão na casa dos bilhões. Números fornecidos à Polícia Federal pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, esclarece de uma vez por todas porque o governo não quer privatizar a Petrobras. Colocada a serviço de um mega esquema de corrupção, mostra que os autores deste “propinoduto” estão tão articulados que fazem inveja ao crime organizado. Talvez o próximo passo seja mudar-lhe o nome de Petrobras para Roubobrás.

Diante de tanta sujeira e falcatruas, a impressão que têm aquelas pessoas que ainda possuem um mínimo de consciência é de que estamos perdidos. Chegamos a um ponto de esgotamento moral como nunca antes na história deste país. Mau exemplo até da presidente Dilma, que, ao justificar porque guarda em casa R$ 152.000,00, conforme declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral, disse: “primeiro porque tenho um colchão enorme lá no Palácio do Planalto. Cabe muita grana embaixo. Segundo porque não confio em deixar essa grana no banco. Do jeito que a economia vai mal, nunca se sabe o que pode acontecer. Além do mais, a poupança não está rendendo essas coisas”. Nada mais precisa ser acrescentado, senão que uma resposta destas é um escárnio à população brasileira. Várias pessoas já foram presas nos últimos dias carregando malas de dinheiro sem justificativa de sua origem.

Para o centro da discussão política foi trazido um tema incompreensível para 99% dos eleitores: a autonomia do Banco Central. Poucos sabem o que isso significa. O que sabemos é que nos Estados Unidos, o país mais desenvolvido do mundo, o Banco Central é independente. Outra afronta à inteligência é a promessa da reforma política e tributária. Considerando que o Congresso Nacional tem se mostrado o latifúndio mais improdutivo do país, a promessa soa como uma enciclopédia de besteiras, afinal, nos últimos 12 anos, o governo tinha maioria absoluta no Congresso Nacional e podia ter aprovado todas as reformas que quisesse, mas aí está a questão: eles não querem fazer reforma nenhuma. E para completar, 25 anos depois de promulgada a Constituição Brasileira, ainda há 117 dispositivos sem regulamentação. São questões relacionadas a direitos trabalhistas, segurança nacional e outras que dependem de iniciativa do Congresso Nacional para ganharem eficácia.

Mesmo com a sensação de impotência diante desse fenômeno de inconformismo acomodado, vamos reagir. Faça o teu exame de consciência, analise os candidatos, esclareça as dúvidas e, diante do tribunal da tua consciência, pense no melhor para o país e para o futuro de todos, decida e faça a tua parte, votando conscientemente. E depois é torcer para que o futuro seja melhor.

 

 

* O autor é professor em Nova Santa Rosa

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