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Elio Migliorança

O último tango

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No dia 17 de outubro os argentinos dançaram o último tango da liberdade em Buenos Aires, pois, ao amanhecer do dia 18, foi promulgada a lei nº 26.991, que estabelece a “Nova Regulação das Relações de Produção e Consumo”, cujo objetivo é o controle governamental sobre toda a atividade econômica nacional. Inspirada na “Lei do Preço Justo”, criada na Venezuela por Hugo Chávez e que provocou o maior desastre econômico naquele país, na Argentina ela foi batizada de “Lei do Abastecimento”, a qual tem forte rejeição de todo o setor produtivo por considerar que coloca nas mãos do Estado todo o controle sobre a atividade empresarial.

A lei permite a fixação de limites de preços e de lucro de empresas, além do controle de cotas de produção que ficará a cargo da Secretaria de Comércio do Ministério da Economia. O projeto ainda compreende a aplicação de multas, fechamento de empresas por até 90 dias e a suspensão de registro por até cinco anos. A medida coloca a frágil economia argentina nas mãos da presidente Cristina Kirchner, tratada nas ruas do país como a “Maria louca”. Os defensores da lei dizem que o objetivo é proteger os consumidores, o que se caracteriza por uma piada de mau gosto. A melhor proteção para os consumidores está no livre mercado, com ampla concorrência do lado dos produtores e empregadores.

Com a nova lei, aquilo que já era ruim ficou ainda pior. O grau de intervenção do governo na economia aumentou muito com essa prerrogativa esdrúxula. O capitalismo é, na essência, os meios de produção em mãos privadas e o socialismo é o controle estatal deles, então temos a Argentina sob um regime socialista. Embora se diga que a propriedade continua privada, quando as decisões mais relevantes de uma empresa como preço e produção estão nas mãos do governo, então a propriedade de fato é do governo. Para quem não lembra, esse era exatamente o método adotado pelos seguidores de Adolf Hitler. O Führer nomeava dirigentes dentro das empresas, determinava o que produziriam e por quanto ou para quem venderiam. A Argentina caminha rapidamente rumo ao desastre socialista, como a Venezuela.

Não custa lembrar que existem vários entusiastas por aqui, da extrema esquerda festiva radical que defendem esta ideia para o Brasil e os brasileiros. Dizem que a esperança é a última que morre; sem dúvida ela morre depois do bom senso e do realismo. O avanço do socialismo pode levar vários anos e uma a uma as esferas e instituições vão caindo. A tática é simples: primeiro decretam uma série de medidas socialistas, com as quais criam desordem, desajuste e conflito. Então jogam a culpa no “capitalismo selvagem, explorador e desumano”. E como remédio ditam tantas outras medidas socialistas e assim se produz mais desordem, desajuste e conflito. Quanto a nós, brasileiros, estamos às portas de uma decisão estratégica: no domingo (26) elegeremos o presidente da República. Quais os ideais que nos movem nesta eleição? Que Brasil surgirá da minha, da sua, da nossa decisão? O que dirão as gerações futuras sobre a escolha que faremos?

Das nossas mãos sairá o Brasil do futuro. Que seja uma decisão pautada nos valores éticos, morais e espirituais que herdamos daqueles que nos deram a vida. E que jamais nos arrependamos do que vamos fazer.

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