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Elio Migliorança

NÃO PODEMOS ESQUECER

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No mês de julho passado abordávamos aqui um tema que pode comprometer irremediavelmente nossa saúde e todo o sistema produtivo do Oeste do Paraná e também regiões altamente produtivas do Mato Grosso, Bahia, São Paulo e Piauí. Algumas lideranças buscaram informações e quanto mais conhecimento adquiriram sobre o tema, mais assustadas ficaram com a tragédia que isso trará para todas as regiões leiloadas. E no dia 20 de novembro último novo grito de alerta foi dado pela Associação de Câmaras e Vereadores do Oeste do Paraná (Acamop), através de seu presidente, vereador Amauri Ladwig, que numa audiência pública realizada em Nova Santa Rosa (PR), com a presença da população e lideranças da região, lançou um novo grito de alerta, mostrando novas informações trazidas da Província de Neuquén, na Patagônia Argentina, onde foram verificar os efeitos da extração do gás de xisto pelo método fracking, já praticada há vários anos naquela região.

As informações e imagens apresentadas são assustadoras. O risco é de morte lenta e inexorável de todo o processo produtivo que depende de águas subterrâneas, em nossa região em torno de 90%. Alto grau de risco para a saúde da população. É assustador também constatar que as regiões aqui leiloadas estão localizadas em regiões altamente produtivas e localizadas sobre extensos lençóis de águas subterrâneas. Além de acabar com nossa produção e com isso eliminar o Brasil como concorrente no comércio internacional, contaminariam nossas águas subterrâneas e com isso nos tornamos dependentes do fornecimento de água para consumo. A quem interessa isso? Como nossas autoridades não se manifestam publicamente e dão apoio ao Ministério Público Federal, que conseguiu suspender liminarmente na Justiça a assinatura dos contratos de exploração? Por que as outras regiões do país ainda não se mobilizaram?

Verdade é que até o momento só os municípios de Foz do Iguaçu (PR) e Nova Santa Rosa promulgaram lei municipal proibindo tal atividade em seu território. E os outros municípios, têm medo dos poderosos de Brasília?

O subsolo é propriedade da União, mas o solo é domínio do município, portanto, ninguém pode chegar ao subsolo se o município proibir a perfuração, a não ser que a invasão ao território municipal venha pelo subsolo partindo da divisa de um município que permita a perfuração.

As cooperativas de todas as regiões atingidas pelos leilões defendem o interesse de quem, dos seus associados ou dos governantes de plantão? Omitir-se e permitir que tal tragédia se concretize é tão grave quanto o ato daqueles que realizaram os leilões.

Ou está o governo tão quebrado ao ponto de vender a sobrevivência dos seus cidadãos? Estarão as autoridades padecendo de uma grave moléstia chamada “seca de ideias” que não encontram outras alternativas para ganhar mais dinheiro e tenham apelar para a venda da água e do ar que respiramos?

Se os gritos destes poucos que, como vozes solitárias, clamam no deserto não convencem ou motivam ninguém, talvez sirva de parâmetro sabermos que nações desenvolvidas como Itália, Áustria, Dinamarca e Alemanha já proibiram em seus territórios esta modalidade de extração de gás de xisto. Abrir o subsolo para o fracking será como abrir as portas do inferno de um caminho que não tem volta.

 

 

* O autor é professor em Nova Santa Rosa

 

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