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Elio Migliorança

CHOQUE DE DESORGANIZAÇÃO

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Aquele mandato que começou com a promessa de um “choque de gestão” transformou-se num “choque de desorganização”, e, para infelicidade geral da nação paranaense, a bola da vez é a educação, presente em todos os planos de governo de candidatos a cargo eletivo, seja municipal, estadual ou federal. Prestes a iniciar o ano letivo, com as matrículas efetuadas em novembro de 2014, aulas distribuídas em dezembro, tudo parecia organizado, já que o governador foi reeleito e acreditávamos que os responsáveis pela área tinham experiência e dariam continuidade ao que foi planejado no ano passado. Educação é uma área que não pode ficar à mercê do improviso; devido à sua complexidade, é necessário organizá-la com muita antecedência. Infelizmente não é o que está acontecendo. Estamos assistindo a um início de ano letivo dos mais desorganizados dos últimos tempos. Aulas que tinham sido distribuídas no mês de dezembro foram redistribuídas na segunda-feira (03), a uma semana do início das aulas. A desorganização e as justificativas dos responsáveis dão a impressão de que a equipe que administra a Secretaria de Estado da Educação residiu em Marte até pouco tempo e só chegou ao planeta terra no fim do ano passado. Coloque-se no lugar de professores que tiveram aulas distribuídas em dezembro para uma determinada cidade, na qual alugaram casa, matricularam os filhos na escola e de repente, na redistribuição de aulas, podem ser designados para outra cidade. Além dos transtornos mencionados, os funcionários estaduais não receberam o pagamento de um terço de férias, garantido por lei a todo o trabalhador brasileiro, que a iniciativa privada é obrigada a pagar, caso contrário é penalizada pela Justiça do trabalho.

Parece que ao governo é permitido o calote sem maiores consequências. Os defensores de plantão, ávidos por fazer uma “média” e quiçá descolar uma nomeação para cargo de confiança, vão justificar dizendo que o Estado não tem dinheiro, que há uma crise geral e que, inclusive, o governador e secretários renunciaram ao salário de janeiro para ajudar a recompor as finanças estaduais. Pura demagogia o ato de renunciar ao salário de janeiro. Fazer isso depois do aumento salarial com que foram presenteados deputados estaduais, o Judiciário, ele próprio, o governador, e todos os secretários estaduais soa como um escárnio a todos os que pagam impostos. Se o Paraná está quebrado a culpa não é nossa. Nós pagamos todos os impostos devidos; se foram mal administrados ou gastos de forma irresponsável a culpa é de quem administra.

Há professores com contratos temporários que foram desligados em dezembro, conhecidos pela sigla PSS (Processo Seletivo Simplificado), e são muitos no Paraná, ganham pouco e mesmo assim ainda não receberam o pagamento devido pela demissão. Manchete recente em veículo de comunicação define com clareza a situação da educação no Paraná: “Educação enfrenta seu pior momento dos últimos 20 anos”. Quando os governantes se enchem de privilégios e por conta disso descuidam da educação, segurança e saúde, setores vitais para os seres humanos, não estão honrando o cargo para o qual foram eleitos e cometem um pecado contra a sociedade, cujas consequências vão muito além do que nossos olhos podem ver.

 

* O autor é professor em Nova Santa Rosa

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