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Elio Migliorança

CHOQUE NO CAMPO

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Ao contrário do que os meios de comunicação dizem sobre os ganhos dos produtores rurais, os últimos meses foram de preocupação, decepção e mudança de rumo no planejamento rural. O aumento no preço da energia elétrica rondando a casa dos 90% no ano comeu grande parte do lucro do produtor. Mesmo com a exportação crescente e a valorização do dólar, a sobra é cada vez menor e novos investimentos programados estão sendo cancelados. Notícias recentes dão conta de que agricultores de Minas Gerais e Bahia, tradicionais produtores de feijão, estão desativando a irrigação por conta do custo muito alto da energia e plantando outras culturas como o milho para diminuir o custo de produção e isso está gerando desemprego, pois o feijão utiliza mais mão de obra do que o milho. Quando há dez anos a economia mundial vivia um de seus melhores momentos e o Brasil estava com seu caixa equilibrado e dinheiro sobrando, o governo brasileiro, ao invés de investir pesado em infraestrutura, assegurando o fornecimento de energia, estradas adequadas e emprego para atender à demanda de um país em crescimento, fez a maior farra com o dinheiro arrecadado.

O “faraó das Américas” assegurou falsamente que o Brasil estava vacinado contra a crise, que o dinheiro do pré-sal renderia bilhões, e em nome disso saiu pelo mundo perdoando dívidas de outros países, financiando obras para os vizinhos bolivarianos e criou milhares de cargos de confiança para empregar companheiros. Aquela história pra boi dormir de que a dívida externa tinha sido paga, hoje se transformou num dragão a devorar a economia nacional, pois a dívida pública está em estratosféricos R$ 2,5 trilhões.

Gastamos o que não podíamos para organizar uma Copa do Mundo que salvaria a pátria, mas ajudou a afundar ainda mais a economia nacional. As obras públicas andam a passos de tartaruga, projetos como a duplicação da rodovia BR-163 revelaram-se uma mentira da campanha política. Nós estamos com água até o pescoço por conta das chuvas muito acima da média nos últimos meses e continuamos pagando uma multa sobre a energia elétrica com o simpático nome de bandeira vermelha. O governo atual não sabe o que fazer com a herança maldita recebida do antecessor e é incompetente até para descobrir que pelo menos 18 dos 38 ministérios que possui não servem para nada. Agora chamou os governadores, prometeu liberar emendas parlamentares, comprando assim apoio político para o governo, um péssimo exemplo, pois emendas parlamentares são o câncer da política nacional. Além da caótica situação nacional e que tende a piorar, ainda temos que suportar os prejuízos causados por empresas públicas sucateadas e ineficientes que detêm o monopólio do fornecimento da energia e deixam o consumidor na mão quando ele mais precisa.

Foi neste tom o desabafo de um avicultor local que, revoltado, aguardava a religação da energia da rede da Copel, cuja chave havia desarmado às 02 horas da madrugada de 21 de julho e só foi religada às 11 horas 5 minutos e 38 segundos da manhã. Fez muitas ligações pedindo socorro e sempre ouvia no final “a Copel agradece a sua ligação”, pena que eu não possa dizer o mesmo, completou ele. Naquela madrugada apenas choveu, sem vento e sem tornado. Usando uma expressão bem brasileira podemos dizer que estamos chegando no fim da picada.

 

* O autor é professor em Nova Santa Rosa

 

miglioranza@opcaonet.com.br

 

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