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Elio Migliorança

O GOVERNADOR LÁ E CÁ

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Em recente viagem ao Canadá, tivemos a oportunidade de conhecer as belezas geográficas daquele país, mas também aprender muito sobre economia, agricultura, organização social e principalmente administração pública. Entre as muitas informações obtidas, um relato do guia Oto foi precioso para estabelecer um comparativo entre as administra- ções estaduais, uma do lado de lá e a outra do lado de cá do Oceano Pacífico. Viajávamos pelo Estado de Alberta e contou-nos o guia que o governador resolveu consultar a população do Estado sobre a seguinte questão: o Estado possui em caixa a quantia de 2 bilhões de dólares canadenses, e consulta a população para saber se este valor deve ser aplicado em educação, segurança e infraestrutura ou se deve ser distribuído para a população. A maioria argumentou que a população está bem servida nos itens educação, segurança e infraestrutura e assim decidiu que o valor devia ser distribuído para a população. Uma vez aprovado pela população, cada cidadão, independente da idade, recebeu um cheque no valor de 500 dólares canadenses. Feita a distribuição, o governador do Estado publicou uma nota dizendo que a população podia ficar tranquila porque, mesmo com a distribuição feita, ainda sobraram 400 milhões de dólares canadenses em caixa, de modo que o Estado estava preparado para o caso de enfrentar alguma catástrofe e precisar socorrer a população.

Ao término da narrativa, foi automática a comparação com as experiências que vivemos do lado de cá do Oceano Pacífico, num Estado chamado Paraná. O nosso governador mentiu vergonhosamente durante a campanha política afirmando que as finanças do Estado estavam equilibradas quando na verdade o Estado estava mais quebrado que arroz de terceira. Antes do fim de 2014, promoveu aumentos salariais para si, seus secretários e aos deputados estaduais, e para a população sobraram polpudos aumentos de impostos que servirão para pagar isso e os demais custos da má gestão pública estadual. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) saltou de 12% para 18% sobre 95 mil produtos, o IPVA que incide sobre veículos aumentou 40%, os aposentados foram taxados em 11% e o ICMS que incide sobre gasolina e álcool passou de 28% para 29%. Enquanto a população de lá festejava o dinheiro recebido, a de cá lamentava o estelionato eleitoral e “apertava o cinto” para fazer frente a este novo assalto ao bolso do contribuinte. Além de todo o aprendizado que a viagem nos proporcionou, foi extraordinário perceber a gigantesca diferença existente entre um governador de primeiro mundo e um governo que padece de raquitismo ético. E não bastasse tudo isso, agora governadores e prefeitos juntam suas forças para apoiar o governo do PT na ressurreição da falecida e odiada Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

O que temos visto e ouvido sobre a economia nacional, sobre os gastos do governo e os bilionários desvios de recursos públicos para o bolso dos quadrilheiros que tomaram de assalto o governo deste país, podemos afirmar que nossas autoridades estão atacadas por uma verdadeira epidemia de cinismo.

 

* O autor é professor em Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

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