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Elio Migliorança

NÃO SOU CULPADO

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Em janeiro percorri várias cidades do Sul do país e aprendi mais sobre geografia, cultura, costumes e o sentimento das pessoas em relação ao crítico momento pelo qual passa o país. Em determinado momento, percebi nos veículos de comunicação uma campanha sorrateira para nos responsabilizar pela situação caótica em que nos encontramos. A campanha tenta nivelar a todos por baixo e fazer-nos crer que ajudamos a criar o caos e por isso temos que pagar o preço do estrago. Esta campanha vem através de e-mails, de postagens nas redes sociais e em artigos bem montados via imprensa, afirmando que, ao cometermos aqueles pecados diários, somos tão responsáveis quanto aqueles que saquearam o país. Vai aqui meu protesto em nome de outros milhões que não têm a oportunidade de fazê-lo, para dizer que nunca jogo meu lixo na rua ou em outro local público, não avanço o sinal vermelho e nem estaciono meu carro em local proibido ou em vaga reservada para deficientes. Jamais falo ao celular dirigindo, não ultrapasso pelo acostamento nem pratico direção agressiva. A última abordagem policial em que foi-me sugerida uma propina foi em 05 de janeiro de 1989, mas eu não caí na armadilha. Se cometo uma irregularidade, pago a multa e uso isso como lição para respeitar a lei. Não furo filas, jamais usei atestado médico falso para faltar no trabalho, nem uso o direito de atendimento preferencial, embora tenha o direito, mas enquanto tiver saúde vou ficar na fila e respeitar a ordem de chegada. Pago meus impostos em dia, não tenho Sky “gato” em casa, minha Sky é legal, e não vendi meu voto em troca de benefícios ou cargos. Não faço “gato” para desviar o consumo de energia elétrica nem peço falso comprovante de despesa médica para abater no Imposto de Renda. Sou aposentado e cumpri integralmente meu tempo de serviço para tal. Esse é o meu estilo “tolerância zero” para comigo mesmo. Portanto, solicito aos estafetas chapa branca, pagos sorrateiramente com dinheiro público, para que parem de enviar e-mails ou publicar nas redes sociais matérias querendo jogar sobre todos os brasileiros indistintamente a culpa pela situação caótica em que o país se encontra, desbotado moral e financeiramente por conta de uma quadrilha que se apoderou do poder e afundou no abismo da corrupção deslavada, jogando por terra as conquistas das últimas décadas de sacrifício dos brasileiros.

Outra enganação é a venda da falsa ideia de que a situação mundial é caótica e por isso a crise bateu por aqui também. Nossos incompetentes governantes é que provocaram esta crise e com ela conseguiram afetar boa parte do continente e nos desmoralizar em nível internacional. Parem de fazer propaganda autoelogiando as próprias administrações, dando o nome de ajuste fiscal ao assalto que fizeram ao nosso bolso, aumentando impostos para corrigir os problemas que vocês criaram por incompetência ou má-fé. Na crise, governantes competentes reduzem as despesas, mas os incompetentes não, aumentam impostos e ficam se vangloriando de ter conseguido vencê-la.

Na iniciativa privada quando a situação financeira aperta, a solução é reduzir custos e melhorar a qualidade, já no setor público quando bate a crise, a solução é aumentar impostos para melhorar a arrecadação.

 

* O autor é professor em Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

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