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Gre-Nal histórico fica no empate em 0 a 0 no Beira-Rio

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Diego Guichard/GloboEsporte.com

Nico Freitas e Yuri Mamute disputam bola no Gre-Nal no Beira-Rio

Fora de campo, foi um Gre-Nal diferente, corajoso, histórico. Pela primeira vez, gremistas e colorados tiveram a oportunidade de ir ao duelo num espaço em comum, a chamada torcida mista. Dentro de campo, não faltou esforço, mas Inter e Grêmio precisavam mais dos predicados emprestados à luta pela paz para mexer no placar. O resultado foi um clássico promissor para o futuro do futebol gaúcho, mas sem soluções para os problemas de Diego Aguirre e Felipão. Assim, vermelhos e azuis deixaram o Beira-Rio na noite deste domingo num 0 a 0, pela oitava rodada do Campeonato Gaúcho.

Apesar de time misto, o Inter entrou como favorito dada a crise técnica do rival. O Grêmio carrega um inglório recorde próprio de não anotar gols nos últimos três duelos seguidos na Arena. Parece, no entanto, que fez bem ao remoçado time tricolor sair de casa. Com menos pressão e cheio de novidades, a equipe de Felipão conseguiu ser superior e colecionar as melhores chances na maioria dos 90 minutos. No final, todavia, o Colorado reagiu e quase achou a vitória.

O 0 a 0 altera pouco a tabela. Inter e Grêmio se mantém, respectivamente, em quarto e oitavo, dentro da zona de classificação às quartas de final. O que muda é a programação. O Grêmio tem uma semana livre para treinos enquanto espera o sábado, quando recebe o Caxias pela nona rodada. Com 100% de suas forças, o Inter dá um tempo no estadual e duela com o Emelec na quarta, também no Beira-Rio, em confronto direto pela liderança de seu grupo na Libertadores. No domingo, visita o Juventude, no Alfredo Jaconi.

O Gre-Nal começou muito antes de Jean Pierre soar o apito no gramado do Beira-Rio. O pré-jogo foi especial, histórico e, por que não, uma espécie de síntese do próprio clássico que estava por vir. De que sempre se é possível surpreender, fazer diferente, melhorar. A iniciativa de juntar gremistas e colorados numa área mista com 2 mil pessoas espalhou um clima de paz pelas imediações do estádio.

A ponto de a confraternização transcender os limites propostos pela direção vermelha. As ruas de Porto Alegre se transformaram numa prova de que a paz é possível. Apesar da disposição à amizade, houve confronto entre organizadas, com trocas de pedradas e um policial ferido ao cair de um cavalo. Incidente que não manchou o espetáculo visto nas cadeiras do Beira-Rio, com gremistas e colorados sentados lado a lado, num inédito mosaico em azul e vermelho.

Se a torcida é um mosaico, Felipão gosta mesmo é de quebra-cabeças. Mandou um time bem diferente a campo. Tornaram-se titulares Matías Rodríguez, Walace, Lincoln e Yuri Mamute. Com equipe mista de olho na Libertadores, Aguirre não utilizou DAlessandro e alçou novamente Anderson aos 11 iniciais. O ex-gremista parecia pilhado. Não raro, sacudia os braços pedindo vibração aos colorados. Era correspondido. Tudo na paz, como havia sido mais cedo.

O primeiro tempo não teve espaço para violência. Mas lances truculentos são normais desde que Gre-Nal é Gre-Nal. Dois carrinhos mais fortes foram punidos com amarelo, para Marcelo Oliveira e Paulão. O equilíbrio seguiu nas chances de gol. As primeiras oportunidades foram de cabeça, de Fellipe Bastos e Nilmar, ambas sobre as traves. Até os erros pareciam equilibrados. Os experientes Juan e Erazo protagonizaram grotescas pixotadas.

Isso até o Grêmio conseguir encaixar a marcação. E surpreender, fazer diferente, conseguir melhorar em relação a si próprio, como o Gre-Nal tentou ao juntar os diferentes. Nos primeiros minutos, Lincoln, Douglas e Mamute pareciam falar três línguas distintas. Aos poucos, o trio dianteiro de Felipão passou a se entender. Complicou a saída de bolas dos zagueiros rivais e, de quebra, tornou-se perigoso no contragolpe. Em quatro minutos, Lincoln teve duas chances defendidas por Alisson e Mamute bateu cruzado com extremo perigo. De azarão, o Grêmio rumava ao vestiário superior aos mandantes.

No segundo tempo, voltou com Giuliano, antes cotado a ser titular, na vaga de Araújo. O Inter respondeu com Vitinho no lugar do fominha Valdívia. Nos primeiros minutos, o meia gremista mostrou ser eficaz. Quase marcou após receber de Douglas, que, quem diria, havia desarmado o veloz Vitinho. O Colorado tratava de responder com o esforçado Nilmar. Se faltava perícia para finalizar, sobrava inovação ao camisa 7, dono de dois belos chapéus sobre rivais. Anderson e Vitinho também tentavam sair da mesmice, mas foi, quem diria, Nico Freitas que saiu da sua zona de conforto e, num tiro rasante e potente, por pouco não venceu Grohe.

Se o volante tenta algo diferente, é porque o nível caiu. Aos 32, Douglas teve chance rara no segundo tempo, em falta mal cobrada perto da meia-lua. Sabedor de que as oportunidades estavam escasseando cada vez mais, Felipão foi à loucura. Os erros ofensivos quase custaram caro ao Tricolor. No final, o Inter pressionou como nunca fizera antes e só não foi às redes porque Marcelo Grohe, Erazo e Matías Rodríguez salvaram três lances concretos de abertura de placar. Se ninguém marcou gol, fica a vitória de quem quer um futebol com paz e menos violência. Nesse quesito, a maioria, a despeito de brigões uniformizados, parece ter saído ganhando no Beira-Rio.


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