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Sperafico apóia movimento mas lamenta perdas da greve dos caminhoneiros
O histórico protesto dos caminhoneiros, desencadeado no dia 18 de fevereiro, além de perdas elevadas para agricultores, consumidores e os próprios transportadores, deixará importantes lições para a sociedade e as autoridades brasileiras, na avaliação do deputado federal Dilceu Sperafico.
Segundo ele, o movimento penaliza a população com a carência e elevação de preços de alimentos e combustíveis, além de dificuldades para transitar em muitas rodovias, mas ao mesmo tempo mostra a capacidade de organização de uma categoria profissional e ressalta os males da falta de investimentos públicos na logística de transporte.
Ao contrário de outros países com extensão territorial e produção agroindustrial elevadas, que investiram em ferrovias, hidrovias e transporte marítimo, o Brasil continua dependendo do transporte rodoviário, mais caro e problemático que as outras alternativas, afirma o parlamentar.
Conforme Sperafico, não se pode deixar de reconhecer a procedência do movimento, que protesta contra o aumento do preço do óleo diesel e das tarifas de pedágio, ao mesmo tempo em que os valores do frete foram reduzidos, mas o sistema produtivo e o bem-estar da população não podem continuar reféns desse tipo de situação.
Não é por acaso que voltamos a conviver com a falta de alimentos e a elevação dos preços nos supermercados e as filas de carros nos postos de combustíveis, além de prejuízos e dificuldades ainda mais graves no agronegócio, porque a falta planejamento e investimentos de longo prazo em infraestrutura, se arrasta há décadas ou séculos no País, acrescenta o parlamentar.
Prova disso, em sua opinião, é o transporte em caminhões de grãos soja e milho ao longo de rios navegáveis, por centenas e até milhares de quilômetros, do Centro-Oeste até os portos do Sul do País, como ocorre com o trigo, transportado sobre rodas pelo litoral, desde o Sul até o Nordeste, quando poderia se utilizar barcaças e navios, com muito menor custo.
Ao contrário dos Estados Unidos, por exemplo, segundo Sperafico, o Brasil prossegue usando o transporte rodoviário para movimentar o maior volume de cargas do agronegócio e da indústria, deixando de aproveitar hidrovias e permitindo o abandono de ferrovias construídas há muitos anos.
É lamentável ver o desabastecimento urbano, mas mais triste ainda é saber que agricultores estão jogando leite fora e descartando pintainhos, por falta de transporte até as indústrias paralisadas ou de alimentos para as aves, protesta Sperafico.
Conforme ele, resta saber até quando a sociedade e o agronegócio vão suportar perdas e situações como a falta de combustíveis e alimentos nas cidades, a paralisação industrial, os atrasos nos embarques de grãos, a falta de insumos para aves e suínos, o agravamento da crise do setor leiteiro e as extensas filas de veículos nas rodovias.
O governo prometeu sancionar sem veto a Lei dos Caminhoneiros, aprovada pela Câmara dos Deputados no último dia 11 de fevereiro, manter os preços dos combustíveis por seis meses e prolongar por um ano o prazo de pagamento de financiamentos de caminhões, mas os caminhoneiros acham as medidas insuficientes e como não há lideranças conhecidas do movimento, a negociação fica difícil, explica o parlamentar.
Pelo menos, o parlamento fez sua parte, aprovando a Lei dos Caminhoneiros que estabelece regras para o exercício da profissão de motorista e assegura isenção de pedágio para os eixos suspensos de caminhões vazios, que eram antigas reivindicações da categoria. Vamos esperar agora que o governo e os caminhoneiros cheguem a um acordo, finaliza Sperafico.