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Marechal

Tinha que ser mulher…

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Mirely Weirich/OP
Contrariando o clássico mulher ao volante, perigo constante, levantamento da Polícia Militar mostra que elas são as menos envolvidas nos acidentes em Marechal Rondon pela cautela e paciência no trânsito

Mulheres fazendo carteira de habilitação, ultrapassando e mudando de faixa são ações que ainda hoje causam estranheza em parte da população, já que, para alguns, elas estão vivendo um ambiente que não lhes foi destinado.

Quantas vezes as motoristas já não ouviram alguma frase machista como tinha que ser mulher, mulher é um desastre para fazer baliza, o alerta cuidado na rua que tem mulher dirigindo e o clássico mais conhecido: mulher ao volante, perigo constante?

Essas e outras pérolas preconceituosas repetidas pelas estradas afora, na verdade, não possuem ligação com a verdadeira postura feminina ao volante e, embora ainda exista muito preconceito com relação às mulheres dirigirem, as estatísticas mostram que a população feminina é a que menos se envolve em acidentes no trânsito rondonense.

De acordo com dados levantados pela Polícia Militar (PM), dos acidentes registrados nos nove primeiros meses deste ano envolvendo pessoas acima dos 18 anos em Marechal Cândido Rondon, 120 vítimas são do sexo masculino, contra apenas 79 do sexo feminino – uma diferença que passa dos 30%. É claro que isso não significa que os homens causaram mais acidentes que as mulheres, porém essa diferença é significativa e pode, sim, justificar que elas são mais prudentes que eles ao volante, destaca o responsável pelo Setor de Trânsito da PM, soldado Claudinei Garcia.

Segundo ele, pelo patrulhamento ostensivo realizado no município é possível perceber que a maioria dos motoristas ainda é do sexo masculino, contudo, em determinados horários do dia o número de mulheres ao volante aumenta, chegando a se igualar e até ultrapassar os homens. Culturalmente, ainda é mais comum que a mãe leve o filho ao colégio ou que ela esteja mais disponível durante o dia para fazer alguma atividade no comércio, por exemplo, então nesses momentos o fluxo de mulheres dirigindo tende a aumentar, mas, de modo geral, os homens ainda prevalecem ao volante, diz.

Apesar de a olho nu elas ainda serem minoria nas ruas da cidade, esta é outra perspectiva que pode estar prestes a mudar. De acordo com os dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), de janeiro a setembro deste ano 557 carteiras nacionais de habilitação (CNHs) foram emitidas para mulheres em Marechal Cândido Rondon, contra 451 para os homens.

 

Gravidade

Embora destaque que existam exceções, Garcia avalia que as mulheres têm maior cuidado ao dirigir, exercendo com maior destreza os princípios da direção defensiva aprendidos na autoescola e pensando no trânsito como um todo. É também por este fato que os acidentes envolvendo mulheres são aqueles de menor gravidade, aponta o policial. Não podemos generalizar, mas de forma geral as mulheres são mais calmas do que os homens no trânsito, acabam se planejando melhor antes de sair e tomam atitudes mais conscientes, complementa.

Garcia enfatiza, contudo, que tanto entre homens como mulheres e em nível local, estadual e nacional, a faixa etária de pessoas com maior envolvimento em acidentes de trânsito ainda se mantém entre os 18 e 34 anos.

 

Benefícios da cautela

Além de garantirem uma postura de maior segurança no trânsito, menores danos à própria vida e a dos demais envolvidos neste meio, as mulheres também adquirem outros benefícios pela atitude cautelosa e paciente ao dirigirem. De acordo com o corretor de seguros Pedrinho Chambó, somente pelo fato de uma mulher promover a redução de acidentes de trânsito há companhias que oferecem produtos exclusivos para elas e preços reduzidos nos seguros para veículos. A SulAmérica, por exemplo, tem o Auto Mulher, e quando ela é a condutora principal do veículo e o seguro está no nome dela, pode ser contratada uma cobertura com isenção de franquia no primeiro sinistro. Quando colocam-se os dados de uma pessoa do sexo feminino, automaticamente joga para o produto mulher que possui benefícios a mais do que os homens, destaca.

Chambó avalia que uma média de 70% das apólices acionadas mensalmente na seguradora são voltadas para os homens e, quando são destinadas a elas, são aquelas de menor valor. São sempre danos de pequena monta. Ela vai dar a ré, por exemplo, e acaba batendo no veículo de trás, então os danos são de máximo R$ 1 mil. Quando homens se envolvem em acidentes, ainda de que pequena monta, o custo geralmente é maior, diz.

O benefício, segundo ele, é resultado da prudência delas ao volante, já que andam mais devagar e possuem mais paciência do que eles. Não sei se por envolver medo ou cuidado, mas a mulher é muito mais cuidadosa do que o homem. Ele sempre quer chegar logo e normalmente não tem muita paciência, opina.

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