Fale com a gente

Marechal

Agricultura pleiteia nova data para o vazio sanitário

Publicado

em

 

Mirely Weirich/OP

Leandro Dadalt, Secretário de Agricultura: “Essa mudança de datas também não apresenta risco para a presença da ferrugem porque será respeitado o período sem plantas vivas no campo”

 

À frente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Agropecuário de Marechal Cândido Rondon desde o mês passado, uma das principais demandas do secretário de Agricultura e Política Ambiental de Marechal Cândido Rondon, o engenheiro agrônomo Leandro Dadalt, é a antecipação do vazio sanitário da soja em quinze dias, que proporcionaria o aumento da produtividade com maiores ganhos para os agricultores. O assunto, que também é debatido pelo Conselho de Sanidade Agropecuária (CSA), já está em tratativas junto à Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar).

Hoje, por lei, o produtor rural deve semear o grão a partir do dia 15 de setembro, entretanto, conforme Dadalt, as variedades de soja presentes na região vêm se adequando à antecipação do plantio a cada ano que passa. Por outro lado, o produtor continua amarrado à data limite para início do plantio. “Propomos que o plantio seja antecipado para o dia 1º de setembro a fim de que ele consiga um melhor rendimento da soja. Semeada no início de setembro, a soja estará pronta no começo de janeiro, escapando do período quente e de seca que temos nessa época do ano, garantindo maior produtividade ao agricultor e arrecadação ao município”, acredita o secretário.

A colheita da soja no início de janeiro também representa a possibilidade do plantio do milho safrinha antecipado, o que culmina em maior produtividade. “Tanto produtor quanto município ganham nas duas culturas”, completa.

Recentemente, Dadalt esteve em Curitiba conversando com o presidente da Adapar, Inácio Afonso Kroetz, no sentido de mobilizar os municípios da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop) a fim de tornar esta demanda uma realidade. “Esse período de vazio sanitário é uma exigência por conta da ferrugem asiática, e a proposta que queremos encaminhar não é retirar esses 15 dias do vazio, mas migrá-los no início e fim do período. Hoje o vazio sanitário é de 15 de junho a 15 de setembro e na nossa proposta seria de 1º de junho a 31 de agosto, permitindo o plantio a partir do dia 1º de setembro”, destaca.

De acordo com o secretário, também é unânime entre os produtores os benefícios da mudança, sendo inclusive uma solicitação deles a mobilização da Secretaria de Agricultura e Política Ambiental e o envolvimento dos demais municípios. “Essa mudança de datas também não apresenta risco para a presença da ferrugem porque será respeitado o período sem plantas vivas no campo”, diz Dadalt.

Além de resultar na maior produtividade tanto na soja quanto no milho, a antecipação na semeadura do milho safrinha também evita possíveis perdas pela geada, que é um dos principais riscos para quem planta tardiamente o grão. “Isso influencia não só para quem está produzindo, mas para toda a cadeia agropecuária, tendo em vista que ela depende deste milho para a alimentação de aves, suínos e bovinos, que têm grande parte da nutrição oriunda da produção da safrinha na nossa região”, afirma.

 

Safrinha

A combinação do clima favorável e de cada vez mais investimentos em tecnologia no plantio e no desenvolvimento do milho de segunda safra são elencados pelo secretário como fatores que geram altas perspectivas de produção para safrinha deste ano. “Pela possibilidade de plantar o milho safrinha no período adequado, entre o fim de janeiro e início de fevereiro, as expectativas de média na colheita podem atingir os 280, 300 a 330 sacas por alqueire”, estima Dadalt.

De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), a expectativa de produtividade para o município neste ano é de 25.200 hectares, podendo alcançar os seis mil quilos por hectare.

 

Do campo à cidade

Pela longa jornada de atuação junto à cadeia produtiva agropecuária, Dadalt elencou como um dos principais objetivos da pasta realizar a implantação do Sistema de Inspeção Municipal (SIM) como forma de fomentar as agroindústrias nas propriedades rurais de Marechal Rondon. “Já estamos fazendo estudos do que é necessário para implantarmos o SIM a fim de garantir legalidade aos produtores que querem montar sua agroindústria independente do segmento, mas que queiram transformar a matéria-prima em produto”, anuncia.

O Sistema de Inspeção Municipal garante a segurança e procedência dos alimentos produzidos pelos agricultores até mesmo para os itens voltados à merenda escolar, já que o Poder Público faz a aquisição de produtos da agroecologia para abastecer parte da demanda das escolas municipais. “É um incentivo aos produtores e a garantia de uma alimentação de qualidade para as crianças que vão acabar virando consumidores no futuro”, pontua.

 

Prioridade

Assim como a Secretaria de Viação e Serviços Públicos, a pasta de Agricultura também enfrenta problemas com o parque de máquinas. Contudo, recursos financiados pelo Governo do Estado na ordem de R$ 3 milhões conquistados em abril vão garantir às duas pastas novos maquinários. “Eu diria que hoje todas as máquinas estão paradas em virtude de estarem sucateadas. Nós pegamos um parque de máquinas bastante defasado, tanto é que encaminhamos um processo licitatório para o conserto das máquinas que será aberto no dia 30 de maio”, expõe.

Provisoriamente, uma retroescavadeira foi emprestada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e há um contrato em vigor com uma empresa terceirizada para a prestação de serviços aos produtores rurais. “Como o milho está no ponto para ser feita a silagem, estamos fazendo os silos trincheira e a limpeza dos silos já existentes porque os produtores precisam alimentar os animais e isso é uma prioridade neste momento”, menciona Dadalt.

A Secretaria de Agricultura e Política Ambiental deve receber uma escavadeira hidráulica, uma pá carregadeira, um trator de pneu de grande porte e um terraceador acima de 30 discos, que, segundo ele, trará grande eficiência operacional para a conservação de solos para a realização das bases largas. “Conseguiremos atender mais produtores no intervalo curto que temos da colheita do milho safrinha ao plantio da soja”, comenta.

A partir da renovação do parque de máquinas, com o conserto e a vinda dos novos equipamentos, os serviços prestados aos produtores, que envolvem terraplanagem, conservação de solos, silos trincheira, construção de esterqueira, entre outros, serão retomados. “Todo o processo que envolve a parte de máquinas para a atividade produtiva que o produtor tenha, nós podemos prestar serviço por lei, com contrapartida do produtor”, assinala.

Coleta de resíduos

Nas demandas que dizem respeito ao perímetro urbano de Marechal Cândido Rondon, o secretário de Agricultura e Política Ambiental ressalta que uma das principais questões está voltada à coleta de resíduos, tanto orgânicos quanto os que fazem parte da coleta seletiva.

Conforme Dadalt, a empresa terceirizada que desde o ano passado é responsável pela coleta do material orgânico assumiu desde fevereiro a operação do aterro sanitário, entretanto, a responsabilidade técnica ainda é do Poder Público. “A nova célula de 4,6 mil metros quadrados que começou a ser construída no ano passado passou por algumas adequações e já está sendo operada. Estamos utilizando-a com o objetivo de aumentar o índice da coleta seletiva, melhorando a compactação por conta das máquinas novas que a empresa colocou no local para a operação diária, a fim de que a célula dure mais tempo já que o aterro tem um custo alto para o município”, declara o engenheiro ambiental da secretaria, Marcos Chaves.

A expectativa da municipalidade é utilizar a célula por cerca de dois anos até que seja necessário fazer uma nova célula, que, de acordo com a licitação, será de responsabilidade da empresa responsável pela operação do aterro.

Segundo Chaves, ainda há um percentual significativo de material reciclável que vai para o aterro, ou seja, muitas pessoas não realizam a separação adequada lixo e ainda é preciso melhorar esse aspecto na comunidade local. “Tanto a terceirização quanto o contrato de produtividade com a Cooperativa de Agentes Ambientais de Marechal Cândido Rondon (Cooperagir) está sendo extremamente benéfico. Para a população, que está cada vez mais satisfeita com a coleta dos resíduos e com o cumprimento dos roteiros, e para a própria Cooperagir, que recebe por tonelada de resíduo coletado”, enfatiza.

Dadalt lembra que a empresa terceirizada realiza a coleta dos resíduos orgânicos três vezes por semana nos bairros e todos os dias no centro da cidade, trabalhando de segunda-feira a sábado em roteiros programados. Já a coleta dos recicláveis acontece uma vez por semana em cada setor (nos bairros) e no centro duas vezes por semana. “No centro está sendo revista a coleta noturna para atender a demanda dos comerciantes, já que há solicitações para que a recolha ocorra antes do horário comercial e também estão estudando ampliar a coleta nos bairros”, informa Chaves.

O engenheiro ambiental diz ainda que a varrição das ruas também é feita por uma empresa terceirizada. A área central é varrida diariamente e em outros locais acontece três vezes por semana, duas vezes e uma vez por semana. “Eles também prestam um serviço a mais, de recolha das folhas que os munícipes varrem nos seus imóveis”, expõe. “São três tipos de coleta: a convencional, do lixo orgânico, a seletiva com os catadores e a varrição que recolhe as folhas, que são as coletas contínuas que o município realiza”, complementa.

Cidade limpa

Também está em andamento no município o programa “Cidade Limpa”, que contempla o cronograma de recolha de galhos e entulhos. “O município foi dividido em oito setores e a equipe está entrando no 4º setor agora, que contempla a região Sul da Avenida Rio Grande do Sul, entre os bairros Ana Paula e Vila Gaúcha”, menciona Dadalt.

Segundo ele, este cronograma será cumprido duas vezes ao ano. “Para os setores que já foram contemplados, nós disponibilizamos o Ecoponto para os moradores depositarem pequenos volumes de entulhos, galhos, eletrônicos, móveis, entre outros objetos”, explica, ressaltando que os munícipes que depositarem entulhos ou galhos após o fim do cronograma de recolhas estarão passíveis de penalidades da lei 4.819/2015.

De acordo com o diretor executivo da Secretaria de Agricultura e Política Ambiental, Dante Tonezer, o Ecoponto funciona junto ao Parque de Exposições de segunda a sexta-feira no mesmo horário em que a prefeitura atende a população e aos sábados até as 12 horas. “Ao contrário do que era visto anteriormente, ficam dispostos no local apenas os materiais colocados diariamente no Ecoponto, por isso algumas pessoas chegaram a questionar se o local havia fechado. Assim que assumimos a secretaria, limpamos todo o espaço e quando o resíduo chega ele já ganha destinação, sendo que todos os materiais recicláveis são destinados à Cooperagir”, destaca.

O Ecoponto recebe resíduos de poda, jardinagem, pequenos entulhos de reformas, eletrônicos, móveis e materiais recicláveis. Por outro lado, materiais da logística reversa, como pneus, lâmpadas, embalagens de lubrificantes e materiais perigosos não podem ser levados ao local. “As pessoas precisam se acostumar a utilizar o Ecoponto porque os cronogramas de recolha não estão inclusos na taxa de lixo, são recolhas eventuais que acontecem em duas datas diferentes do ano”, ressalta Chaves.

Junto ao cronograma de recolha também está sendo realizada a limpeza de todas as áreas públicas em cada setor. Já os lotes particulares serão notificados para que façam a limpeza. “Uma inovação que também está sendo feita neste ano é a poda baixa e a condução de arborização nas vias públicas, para evitar que os munícipes façam a poda das árvores incorretamente”, enaltece Tonezer.

 

Lazer e paisagismo

No Parque Ecológico Rodolfo Rieger também estão sendo realizadas melhorias. O parquinho infantil – que encontrava-se inutilizável e apresentando risco para as crianças – está passando por uma restauração e será reinstalado em uma nova área do Lago Municipal. “Onde ele está atualmente fica alagado por muitos dias após a chuva, então, após o processo licitatório para a aquisição de um novo parquinho, tanto o de madeira quanto o novo parque serão instalados em um novo local”, informa a bióloga da secretaria, Larissa Hoff.

Ela comenta que outros pontos do Parque Ecológico também estão passando por um trabalho de paisagismo e restauração. “Estamos aguardando a chegada de flores que foram licitadas e que serão plantadas também no portal, nas avenidas, ruas principais e nas praças”, enfatiza, acrescentando que o trabalho deve ser finalizado antes da festa do município.

Para evitar o gasto com novas licitações com flores, a Secretaria de Agricultura e Política Ambiental abriu um processo licitatório para a compra de 100 mil sementes que serão cultivadas em uma estufa no Horto Municipal. “Mais de 15 espécies de flores serão utilizadas no futuro para esses trabalhos de paisagismo em áreas públicas e no mobiliário urbano, pois vai possibilitar a troca constante de flores”, complementa Larissa.

No Parque Ecológico Rodolfo Rieger também deve ser realizado neste ano mais duas edições da Pesca no Lago que, conforme Dadalt, teve em sua primeira edição um resultado extremamente positivo. “Tomamos todo o cuidado para não ter nenhum impacto, e a população retirou somente tilápias e não houve danos ao local”, expõe.

 

Escola Sustentável

Neste ano também acontecerá a 3ª edição do Prêmio Escola Sustentável, promovido pela Secretaria de Agricultura e que conta com o envolvimento da Secretaria de Educação. “Teremos uma contrapartida importante da Itaipu Binacional, sendo que as escolas poderão acessar um recurso para financiar os seus projetos, então não vai demandar somente de recursos próprios das instituições”, adianta Chaves.

Tanto escolas municipais quanto estaduais e particulares serão envolvidas no projeto, que será anunciado na Semana do Meio Ambiente, em junho. “Cada escola terá ações que neste ano serão focadas nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), que serão trabalhadas na comunidade escolar e apresentadas ao fim do ano e novamente poderemos premiar aqueles projetos que se destacaram neste prêmio”, informa.

 

Convênios

Com a Itaipu Binacional, o município mantém convênios por meio de projetos como o Cultivando Água Boa, que engloba desde a conservação de estradas e de solos e recuperação de nascentes, a fim de melhorar a qualidade da água para os produtores. “Disponibilizamos esse serviço também para incentivar os produtores a protegerem suas nascentes”, diz Chaves, ressaltando que os produtores interessados em recuperar uma nascente devem buscar a Secretaria de Agricultura e Política Ambiental, que garante o apoio ao projeto.

A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) também anda lado a lado da pasta por meio da parceria na realização de análise de solos aos produtores, bem como a melhoria genética animal – voltada principalmente à bovinucultura leiteira.

 

Bloco do produtor

Dadalt ressalta também a importância de os produtores rurais emitirem a nota do produtor rural de todo e qualquer produto do setor agropecuário vendido em sua propriedade. Com a emissão deste documento, além de o município ter a arrecadação dos impostos, a municipalidade tem a possibilidade de devolver o imposto cobrado ao agricultor na forma de prestação de serviços. “Além de emitir, ele precisa vir até a prefeitura e declarar a nota”, frisa. “Também é de extrema importância regularizar as notas que estão em atraso, pois para que ele tenha direito ao benefício das horas-máquina, dos serviços que a prefeitura presta aos produtores rurais, ele obrigatoriamente precisa estar com as notas do produtor rural em dia”, alerta o secretário.

Copyright © 2017 O Presente