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Associação Paranaense de Psiquiatria alerta sobre série 13 Reasons Why

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Em nota oficial divulgada nesta semana, a Associação Paranaense de Psiquiatria (APPSIQ) fez alerta sobre a série 13 Reasons Why, que trata do suicídio na adolescência. Os psiquiatras questionam os efeitos da a glamourização do suicídio e afirmam que o seriado peca justamente por não abordar a questão do adoecimento mental da personagem, não provocar diálogos sobre como o desfecho dela poderia ser evitado e principalmente por dar a impressão de que buscar ajuda é inefetivo.

Leia a nota na íntegra:

A Associação Paranaense de Psiquiatria (APPSIQ), Federada da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), vem a público manifestar-se a respeito da série 13 Reasons Why, baseada no best-seller Os 13 porquês, de Jay Asher, e lançada pela plataforma de streamming Netflix.

Considerando que as obras de ficção simbolizam a vida real e podem contribuir para fomentar discussões de temas importantes para a sociedade, a APPSIQ manifesta satisfação em constatar que um seriado que trata de bullying, depressão e suicídio entre adolescentes tenha provocado alta de 170% nos acessos ao Centro de Valorização da Vida (CVV), que há 55 anos atua na prevenção do suicídio no Brasil.

No entanto, levando em consideração que a Organização Mundial de Saúde (OMS) relata que mais de 90% dos suicídios estão relacionados com transtornos mentais e que a maioria dos óbitos poderia ser evitado se houvessem estratégias de prevenção mais acessíveis à comunidade, a série 13 Reasons Why peca por não abordar a questão do adoecimento mental da personagem, não provocar diálogos sobre como o desfecho dela poderia ser evitado e principalmente por dar a impressão de que buscar ajuda é inefetivo.

Além disso, a glamourização do suicídio e a utilização do autoextermínio como instrumento de vingança provocam o chamado efeito Werther termo científico pelo qual a publicidade de um caso notável serve de estímulo para novas ocorrências, contribui para a difusão do método, apologia ou idealização do ato. Embora a série apresente a agonia dos que ficam afinal, um suicídio afeta pelo menos outras seis pessoas de convívio direto com o autor -, ela atrela o suicídio à ideia de culpabilização.

O suicídio é um tema complexo, cheio de tabus e deve ser tratado com responsabilidade, delicadeza e, principalmente, com o apoio de profissionais especializados. Para os que se identificam com a personagem ou já pensaram em suicídio, a APPSIQ reitera que busquem a ajuda de um psiquiatra e coloca todos os seus meios de comunicação à disposição da sociedade.

Dr. Osmar Ratzke

Diretor Presidente da Associação Paranaense de Psiquiatria (APPSIQ)

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