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Marechal

Atendimento psicossocial busca resgatar dignidade de mulheres vítimas de violência

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A maioria das vítimas de violência sofre calada, por medo, vergonha ou por não saber a quem pedir ajuda. Para promover a resolução legal dos casos de violência contra as mulheres, mas especialmente o resgate à dignidade e garantir que elas possam retomar suas vidas, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) é o órgão responsável por realizar o atendimento especializado em Marechal Cândido Rondon.

Neste ano, o Creas já atendeu 126 mulheres que procuraram atendimento tanto espontaneamente quanto àquelas encaminhadas por outros setores, como Polícia Militar, Civil ou pelo Ministério Público. Deste total, 49 ainda mantêm acompanhamento. “As mulheres que são desligadas do Creas passam a ser atendidas, na maioria das vezes, por outros serviços, como o Cras (Centro de Referência de Assistência Social), o Caps (Centro de Atenção Psicossocial), entre outros que prestam atendimento à saúde, dependendo de casa caso em específico”, explica a psicóloga do Creas, Angela Wasem Linecio.

De acordo com o orientador social e coordenador do órgão rondonense, Julio César Fontana, o acompanhamento funciona por meio de uma escuta qualificada e um plano de atendimento individualizado de cada caso específico para saber quantos atendimentos determinada pessoa vai precisar. “Além disso, também buscamos fazer um trabalho mais amplo, junto às famílias das vítimas, muitas vezes atendendo também os pais, cuidador ou responsável daquela vítima”, explica. “Entendemos que a violência vem e acontece, mas uma pessoa não fica sempre vítima de uma violência. Por exemplo, se uma pessoa chega aqui vítima de violência física por parte do marido, nós trabalhamos essa violência psicológica e socialmente e é feito o processo adequado para que ela possa dar continuidade a sua vida normal. Por isso, o Creas faz esse desligamento das vítimas, para que até mesmo as mulheres possam retomar sua vida e atividades ou em alguns casos serem encaminhadas para outros serviços”, complementa Angela.

O orientador social Leonardo Severo lembra que deve ser levado em consideração que desses casos que foram desligados pode haver a questão das reincidências, ou seja, mulheres que já passaram pelo processo de atendimento no Creas voltam novamente a serem vítimas de violência e necessitam de acompanhamento novamente. “Hoje é difícil para gente padronizar muitas questões porque a demanda de cada um é muito específica. Trabalhamos a partir da singularidade e necessidade de encaminhamento de cada caso, levando em consideração questões social e cultural. Isso influencia muito no nosso trabalho, como também nos resultados”, avalia Severo.

Atendimento psicossocial

O Creas não realiza terapia, mas, sim, um trabalho conjunto entre psicólogos e assistentes sociais que acolhem a vítima, que relata o fato ocorrido na escuta qualificada e, a partir disso, ocorre o trabalho psicossocial que é estendido à família. “Normalmente elas relatam medo, dependência psicológica, financeira e patrimonial. A partir do momento que verificamos a situação de cada vítima, podemos realizar o encaminhamento específico para cada uma delas. Quando a pessoa necessita de tratamento terapêutico, encaminhamos para o serviço específico”, destaca a assistente social do órgão, Micheli de Oliveira Stimer.

Muitas vezes, pontua, a vítima não sabe o que ela pode ou não fazer e quais serviços procurar. Frente a isso, a equipe trabalha em conjunto de forma a empoderar a mulher para que ela possa iniciar uma nova etapa em sua vida. “A maioria das mulheres que chegam até nós já possuem um histórico de violência, que são agredidas há muitos anos, já outras chegam sendo vítimas da primeira agressão”, revela.

Angela observa que há um ciclo de violência, ou seja, se a criança vivencia violência física e psicológica dentro de casa, há uma tendência de que esse comportamento venha a se repetir com a sua própria família. “Mas grande parte das violências também são motivadas por aspectos culturais, sociais e econômicos, aliados ao consumo de bebidas alcoólicas e outras substâncias psicoativas”, pondera.

Confira a matéria completa na edição impressa desta terça-feira (17).

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