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Política

Deputados opinam sobre proposta de transformar a Unila em Universidade Federal do Oeste

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A emenda aditiva à medida provisória nº 785/2017, de autoria do deputado federal paranaense Sér gio Souza (PMDB), que pretende transformar a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) em Universidade Federal do Oeste do Paraná (UFOPR) tem dado o que falar e causado bastante polêmica. A fim de saber o que pensam sobre a proposta, a reportagem de O Presente ouviu deputados federais e estaduais que representam a região na Assembleia e na Câmara.

Tanto Ademir Bier, Elio Rusch e José Carlos Schiavinato como Dilceu Sperafico e Evandro Roman se mostraram apreensivos com a eventual doutrinação ideológica na Unila e preocupados em manter os campi da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Palotina e Toledo. Todos afirmam que a discussão é válida, contudo alguns evitam declarar um posicionamento neste momento, argumentando que pretendem conhecer melhor o projeto de Souza.

 

Reunião

O deputado estadual rondonense Ademir Bier diz que uma reunião para debater o assunto deve ser realizada no próximo dia 18, em local e horário a serem estabelecidos. “Ela será coordenada com o objetivo de discutir o assunto que ainda está muito confuso, pois nós não conhecemos a engenharia dele e de que forma está sendo concebido. O deputado Souza quer discutir isso com a comunidade e precisaria ser naquele momento. Vamos discutir com todos os segmentos, convidando as lideranças ligadas às universidades federais, estaduais, prefeitos, presidentes de Câmara, vereadores e associações”, adianta.

Bier entende que muitos municípios poderiam receber extensões da UFPR centralizada no Oeste, por isso a importância do debate. “Esta é a concepção inicial e agora entrou a Unila nesse processo que precisa ser discutido sobre se é ou não interessante. Eu espero que não atrapalhe a abertura de novos campi e sim que fortaleça, caso de Marechal Rondon. A Unila é um ingrediente que não estava no bolo e nós precisamos discutir se esse recheio é bom ou não”, pontua.

 

Transferir conhecimento

De acordo com o deputado estadual Elio Rusch, o primeiro passo é se preocupar em não perder o campus de Palotina da UFPR. “Sou a favor se for para criar uma Universidade Federal, mas jamais que a Federal integre a Unila. Nós precisamos transferir conhecimento e não doutrinação ideológica, mesmo porque os alunos e jovens vão em busca de ampliar o seu conhecimento para a área profissional na qual têm ligação. Eu penso que os pais querem que seus filhos se especializem em uma área e não que sejam favoráveis a uma ideologia”, expõe.

Rusch comenta que precisaria saber se há veracidade em receber alunos da Venezuela, Cuba e de outros locais. “Depois eles voltam ao seu país ou se enraizam em muitos locais através de sindicatos que levam conhecimento sobre partir em defesa da sua ideologia ao invés da defesa da categoria, como acontece na CUT (Central Única dos Trabalhadores)”, enaltece, destacando que o Paraná investe pesado no Ensino Superior. “A primeira Federal do Brasil é a do Paraná. Eu acho que abrir mais uma Federal ou transformar estaduais em Federal seria o caminho para desafogar os altos investimentos do Estado em educação. Em Palotina deve permanecer Federal. Agora a Unila me parece que foi criada com outros objetivos. Eu poderia citar como exemplo quem conheceu o PT na oposição e depois no governo. Usar o poder para servir ou para ser servido. É isso o que acontece na Venezuela e em outros países”, ressalta.

 

Avaliação

Para o deputado estadual José Carlos Schiavinato, tal situação deve ser analisada com critérios. “Em Toledo nós recebemos um curso de Medicina pela UFPR. A gente sabe a força da UFPR e essa questão colocada nesse momento atrapalha até o relacionamento sobre a discussão da funcionalidade do Hospital Regional feito pela prefeitura do município que deveria ser transferido à UFPR para que a gente tivesse uma saúde de qualidade oferecida nessa unidade hospitalar ao cidadão do Oeste”, enfatiza, acrescentando: “A gente fica em dúvida porque é o momento de fortalecer a UFPR, que é um ícone no setor universitário brasileiro e fazer com que ela seja fortalecida também no Oeste, como tem acontecido em Palotina e ao longo da história em Toledo, agora pela recepção cedida por um empresário. O tema deve ser analisado com muito carinho para não tomar decisões precipitadas em função do que o governo federal vive”.

O deputado federal Dilceu Sperafico diz que ainda não formou uma opinião em relação ao tema, mas reconhece que o assunto é polêmico. Por isso, entende que a medida deve ser estudada para que seja tomada a decisão correta. “Nós tomamos conhecimento dessa possibilidade há pouco tempo. Vou me inteirar e procurar conversar com os representantes dos campi para definir minha posição em relação a esta medida”, comenta.

Ele ressalta que a iniciativa partiu de um parlamentar e por isso deve ser respeitada, pois há boas intenções. “Precisamos avaliar para saber o que é melhor para o Oeste do Paraná. Se for melhor nós vamos apoiar, contudo se não for vamos rejeitar”, enaltece Sperafico.

 

Legalmente inviável

A interpretação do deputado federal Evandro Roman é de que legalmente a medida não vai prosperar devido a uma situação de que uma universidade não pode ser extinta ou modificada através de emenda ou medida provisória. “O outro lado está voltado ao atendimento dos nossos jovens estudantes e na formação do Oeste do Paraná e do Brasil. A concepção da Unila a princípio é boa, mas tem grande quantidade de alunos de outros países da América Latina que acabam usufruindo de recursos de ensino e ações pagas pelo governo brasileiro. Neste ponto nós devemos repensar a estratégia da Unila”, salienta.

Roman entende que a discussão apresentada por Souza é válida. “Quem sabe ele não se ateve à questão legal, mas é interessante para rediscutir a Unila no atendimento de mais brasileiros e diminuir o percentual de pessoas da América Latina. Quem não quer viver e estudar em um local com universidade paga? Quem consegue isso nos Estados Unidos, no Canadá ou em qualquer país da Europa? São poucas pessoas. É preciso ter a lei da reciprocidade. Em primeiro lugar precisamos atender a nossa demanda do Paraná e do Brasil para depois externar. Eu acho importante ter um pequeno percentual de outros países, mas nós não podemos acreditar que teremos um percentual elevadíssimo de 50% a 60% de pessoas de outros países”, finaliza Roman, acrescentando que a Unila foi imposta de cima para baixo sem debate com a comunidade do Oeste do Paraná sobre a necessidade ou não de sua criação.

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