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Policial

Forças de segurança blindam a fronteira

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Desencadeada no fim de setembro com o intuito de intensificar os trabalhos e a segurança na região de fronteira, a Operação Captura completa 25 dias de ação e apresenta resultados expressivos. Até a última quarta-feira (18), a operação teve como saldo o número de 696 pessoas abordadas, 24 veículos apreendidos e nove recuperados, 44 prisões efetuadas, três apreensões de menores, três   celulares recuperados, nove armas, 21 munições, três   simulacros e três radiocomunicadores apreendidos, além de 1.161 caixas de cigarros, 714,74 quilos de maconha e 66 pedras de crack apreendidas.

Um grande contingente policial trabalha 24 horas por dia recobrindo toda a área de fronteira. São diversas frentes de segurança integradas à operação, como o Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron), Batalhão de Operações Especiais (Bope), Batalhão de Operações Aéreas (BPMOA), Comando de Operações Especiais (COE), Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone), de Curitiba, Núcleo Especial de Polícia Marítima (Nepom), da Polícia Federal, polícias civis, rodoviárias estaduais e federais, além de órgãos policiais do Mato Grosso do Sul e do país vizinho, Paraguai.

O terceiro período da operação teve início na quarta-feira, com a troca das equipes policiais nas dependências da 1ª Companhia do BPFron, em Marechal Cândido Rondon. Enquanto um contingente retornava a Curitiba, novos reforços chegavam à região.  

De acordo com o comandante da 2ª Companhia do BPFron em Guaíra, capitão Éldison Martins do Prado, a operação é constante, sendo que as trocas são realizadas nos próprios postos de ação, inclusive nas rodovias federais 163 e 272 e estaduais 323 e 496, como também nas barrancas e no Lago de Itaipu. “É uma resposta da polícia diante de uma necessidade da região, porque nós percebemos que o contrabandeando não difere daquelas situações mais graves que acontecem em outros Estados, como o tráfico de drogas”, diz.

Conforme Prado, as trocas das equipes são feitas de forma esporádica, não tendo um período fixo. “As escalas das equipes também foram alteradas visando mais êxito no trabalho. Essa última troca foi dentro do período de dez dias, mas não temos previsão para a próxima. Estamos trabalhando dessa forma justamente para que o crime organizado não possa plotar o nosso trabalho”, frisa.

Durante uma rápida reunião, o capitão fez uma avaliação aos policiais sobre os trabalhos realizados nos últimos dias, enfatizando a importância do serviço dos militares nas apreensões realizadas e o impacto gerado pelas mesmas.

Na sequência, os comandantes das equipes se reuniram para decidir onde, quando e como aplicar os trabalhos policiais, distribuindo os efetivos por toda a área de fronteira.

Durante as reuniões, Prado enaltece a similaridade do crime de contrabando com os demais delitos, reforçando ainda mais a importância da operação. “O contrabando não é um crime de menor poder, quando organizado vira um perigo enorme, inclusive que tem levado uma doença crônica para as instituições, que é a corrupção”, destaca o comandante, emendando: “Todas as intuições estão sujeitas a isso, principalmente no tocante ao crime organizado, no qual gira muito dinheiro e recursos”.

Forte ligação

Segundo o comandante, há quem acredite que o contrabando não tenha ligação com o tráfico de drogas. “Contudo, eu mesmo já participei de situações onde havia cocaína em meio a cargas de cigarros e armas em meio a eletrônicos. Quem me garante que nessas cargas não estão sendo transportados outros tipos de ilícitos”, questiona.

Prado ainda reforça que o tráfico de drogas coloca armamento pesado nas mãos de jovens e adolescentes, para que estes pratiquem o crime, e o que acontece no contrabando, conforme ele, é a mesma coisa. “Isso precisa ser combatido, assim como mostrar à população o quanto esse crime prejudica a região, aniquilando sonhos de jovens e impactando diretamente no desenvolvimento de um município”, menciona.

Diante disso, o capitão ressalta que um dos objetivos da operação é justamente expor essa situação, fazendo com que as pessoas se desmotivem a iniciar na prática de ilícitos. “É importante combater e mostrar que a polícia tem a visão do perigo que é o crime de contrabando e as demais mazelas que acontecem na fronteira”, frisa, acrescentando que muitas pessoas de outros locais do Estado vêm para a região com o intuito de cometer delitos, não apenas o contrabando, mas também outros que são inseridos na fronteira. “Um exemplo disso é a cadeia de Guaíra, que hoje enfrenta o problema de superlotação. Contudo, a maioria dos que lá estão presos não são do próprio município, mas sim de outros Estados e que vieram para cá para cometer delitos, como tráfico de drogas, armas, homicídios, receptação de veículos roubados, entre outros”, exemplifica o comandante.

 

Prejuízo ao crime x corrupções

Na madrugada de quarta-feira (18), policiais do BPFron apreenderam um caminhão e uma carreta carregados com aproximadamente 800 caixas de cigarros, no interior de Guaíra.

Uma apreensão como essa gera diretamente um prejuízo de mais de R$ 1 milhão para os contrabandistas. “Agora, se um grupo investe R$ 1 milhão para trabalhar em uma noite, quanto ele não tem investido em situações de corrupções?”, indaga o comandante. “Isso precisa ser combatido, para que a sociedade não fique refém de pessoas que estão armando desvios e prejudicando a carreira de profissionais de segurança, muitas vezes inserindo esses profissionais na corrupção”, complementa.

Novos desdobramentos

Estopim para o início da operação Captura, o assassinato do policial militar do BPFron, Thiago da Silva Rego, de 28 anos, ganha novos capítulos a partir das investigações. Segundo Prado, o setor de inteligência evoluiu bastante e, embora os inquéritos ainda estejam em trâmite, já existem definições do que pode ter acontecido no momento do crime.

Antes da morte do policial, os bandidos teriam praticado um duplo homicídio. Os corpos foram encontrados no dia seguinte, carbonizados em um veículo. “O inquérito ainda não está finalizado e segue em sigilo, no entanto, as informações que chegam até nós indicam isso, que houve um duplo homicídio e os dois indivíduos mortos estavam na carroceria do veículo, sendo que os criminosos estavam transitando por aquele local justamente para tentar se livrar dos corpos”, informa.

A nova descoberta, bem como a apresentação de um suspeito à polícia, colaborou para o avanço das investigações acerca da morte do policial. Conforme o comandante, um indivíduo que já estava sendo procurado, suspeito de ter envolvimento na morte do policial, acabou se apresentando de forma espontânea na Delegacia de Altônia, na companhia de seu advogado. “Ele foi ouvido e apontou alguns fatos e situações que a polícia precisava no momento. Agora tramita a questão de alguns mandados de prisão que foram cumpridos e também a apresentação de mais algum suspeito”, diz Prado.

O suspeito não confessou participação direta no cri-me, mas falou de pessoas que podem estar envolvidas e esclareceu alguns pontos que foram importantes para subsidiar o inquérito. “Mas claro que a polícia trabalha com todas as hipóteses e será investigada qual a natureza de participação dele no crime, ressaltando que ele já possui antecedentes em alguns delitos”, comenta.

Prado menciona que as investigações ainda apontam haver indícios de que outros suspeitos de envolvimento no crime estejam no Paraguai ou no Mato Grosso do Sul. “Por isso, o trabalho continua, inclusive com uma integração muito grande entre as polícias, na tentativa de capturar os indivíduos que possam estar envolvidos na morte do policial”, enaltece.

“Quem matou o policial usou um fuzil e era um indivíduo jovem. Após já ter cometido um duplo homicídio, ele veio em posse dessa arma atirar em quem fosse contê-lo. Isso mostra uma gravidade muito grande. Quando o contrabando se organiza e parte para as ações ilícitas ele acaba tomando proporções inimagináveis”, alerta.

Comandante da 2ª Companhia do BPFron, capitão Éldison Martins do Prado: “O contrabando não é um crime de menor poder. Quando organizado, vira um perigo enorme, inclusive tem levado uma doença crônica para as instituições, que é a corrupção”

 

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