A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) emitiu um alerta de La Niña indicando que o fenômeno climático deve retornar entre outubro e dezembro de 2025. Após a dissipação do El Niño no início deste ano e a manutenção de condições de neutralidade ao longo do segundo semestre, há sinais de resfriamento nas águas do Pacífico equatorial que podem marcar a volta da fase fria do ciclo ENSO (El Niño–Oscilação Sul).
De acordo com os últimos dados, a probabilidade de neutralidade segue como a mais provável até agosto/outubro de 2025, com 56% de chance. No entanto, as projeções apontam para o estabelecimento de uma La Niña de curta duração no final do ano, especialmente na primavera e início do verão no Hemisfério Sul (outono e início do inverno do Hemisfério Norte), antes de um possível retorno à neutralidade no início de 2026.
Atualmente, as temperaturas da superfície do mar (SSTs) no Pacífico central e oriental estão próximas ou ligeiramente abaixo da média, o que reforça a tendência de transição. Segundo os especialistas, embora ainda seja cedo para estimar a intensidade do evento, mesmo episódios moderados de La Niña podem alterar significativamente os regimes de chuva e temperatura em várias regiões do planeta.
No Brasil, historicamente a La Niña está associada a chuvas acima da média no Norte e Nordeste e períodos mais secos no Sul, além de influenciar a produtividade agrícola e a disponibilidade hídrica. Globalmente, o fenômeno também costuma intensificar a temporada de furacões no Atlântico.
A NOAA atualiza seus modelos semanalmente, mas já orienta governos e setores estratégicos a acompanhar de perto os boletins climáticos para avaliar riscos e preparar medidas de adaptação diante da possível volta da La Niña em 2025.
Impactos na agricultura
O fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Pacífico Equatorial, provoca alterações significativas no regime de chuvas no Brasil, impactando diretamente o setor agropecuário. No Espírito Santo, importante produtor de café conilon, a La Niña tende a trazer chuvas irregulares ou acima da média em algumas áreas, o que pode levar a excessos hídricos e doenças fúngicas nas plantações. Isso afeta diretamente a produtividade do café, com riscos de podridão nas raízes e perdas na colheita, como observado em ciclos anteriores onde o fenômeno intensificou pragas. Além disso, culturas como o cacau e frutas tropicais no estado enfrentam desafios com inundações localizadas, embora o impacto seja menos severo que no Sul, exigindo adaptações como sistemas de drenagem.
No Sul do país, como no Rio Grande do Sul e Paraná, ocorre uma redução nas precipitações, levando a secas que afetam a produtividade de culturas como soja e milho, com perdas estimadas em até 40% em anos de La Niña intensa. Isso resulta em solos com baixa umidade durante o plantio de primavera, comprometendo o desenvolvimento das lavouras e aumentando os riscos de falhas na colheita.
No Norte e Nordeste, por outro lado, há excesso de chuvas, o que pode causar inundações e erosão do solo, prejudicando plantações de arroz e frutas. No Centro-Sul brasileiro, a La Niña agrava condições de seca, afetando a cana-de-açúcar e o café, com reduções na produtividade devido ao estresse hídrico. Por exemplo, em anos como 2020 até 2023, impactados pela La Niña, as lavouras de cana apresentaram rendimentos mais baixos, elevando os preços de etanol e impactando a cadeia de biocombustíveis. Para o café, o fenômeno causa impactos negativos, como atrasos no florescimento e menor qualidade dos grãos, especialmente em regiões dependentes de chuvas regulares. No Pantanal e partes do Centro-Oeste, a seca prolongada ameaça a pecuária, reduzindo pastagens e aumentando custos com suplementação alimentar.
Com Conexão Safra
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