Os roubos e furtos de maquinários agrícolas são crimes pouco falados, mas que afetam em grande escala o produtor rural, gerando prejuízos milionários. As máquinas agrícolas, que podem facilmente ultrapassar seis dígitos em valor, são descaracterizadas após o furto, com remoção de placas, adesivos e qualquer identificação. Algumas vezes, são revendidas em outros estados e raramente trafegam em rodovias. O empresário Tarcízio Rodrigues, de Cariacica, é uma das pessoas que sofreram com a ação criminosa. Com vários relatos de roubos de seu maquinário em anos anteriores, o último ocorreu no feriado de Tiradentes, em abril deste ano, e o prejuízo foi de 400 mil reais.
“É um transtorno muito grande que a gente enfrenta porque até o seguro resolver, temos que lidar com a falta de um equipamento trabalhando. Nesse caso, por exemplo, ficamos dois meses esperando e o seguro ainda ressarciu um valor inferior. O que temos percebido é que eles agem sempre no fim de semana durante a madrugada e temos buscado redobrar os cuidados”, afirma.
Tecnologia se torna aliada no combate ao roubo de tratores e máquinas agrícolas.
Para ajudar no combate ao crescimento dos crimes, a Associação Brasileira de Identificação e Rastreabilidade de Partes e Peças de Veículos, Máquinas e Equipamentos relançou o aplicativo SINID, que permite aos proprietários de veículos e máquinas de alto valor acessar dados detalhados de sua frota e identificar roubos e furtos. A ferramenta, disponível para Android e iOS, também supre a falta de um registro público nacional para esses bens, que, diferentemente dos veículos de passeio, não possuem documentação oficial, dificultando sua recuperação em casos de roubo, problema que é enfrentado por empresários há anos.
O presidente da ABIRPP e perito em Identificação Veicular, Sinval Pereira, explica que as informações são inseridas no app a partir da marcação das peças dos veículos.
“Cada item recebe uma identificação por código, com QR Code e nanopartículas de forma única e rastreável, por meio do procedimento chamado vacina. Após isso, inserimos no aplicativo todas as informações técnicas a respeito das marcações realizadas justamente para possibilitar que, mesmo que o veículo seja desmontado, as partes possam ser reconhecidas. Isso permite ao proprietário comprovar, inclusive, juridicamente que é o real dono daquele veículo e ajuda a coibir, principalmente, o comércio ilegal de peças”, explica.
Para superar a falta de integração nacional entre boletins de ocorrência — que facilita a ação de quadrilhas ao deslocarem bens roubados para regiões distantes — o aplicativo oferece uma funcionalidade que permite ao proprietário delimitar a área de circulação de suas máquinas. Assim, caso o equipamento seja localizado fora da região autorizada, as autoridades podem realizar a apreensão de forma mais ágil.
“Nosso principal objetivo é que a plataforma seja um elo forte entre proprietário de máquinas, tratores e equipamentos, as forças policiais e a sociedade como um todo para enfrentar tais crimes. Por isso, o aplicativo vai trazer essa cerca geográfica de trabalho e quando os policiais consultarem as máquinas, poderão perceber, durante as abordagens, que houve roubo ou furto devido a mesma estar fora da área registrada”, explica Sinval.
As gravações inseridas podem chegar até a 200 novos sinais identificadores das peças, justamente para garantir que nenhuma parte fique sem ser registrada. O objetivo é reforçar a identificação em veículos como tratores da linha agrícola, retroescavadeiras, patrolas, escavadeiras hidráulicas, rolo compactador e outros que costumam ser usados em estradas e se tornam alvos mais fáceis de criminosos.
Botão de pânico
O aplicativo do SINID conta também com um botão de pânico para que os proprietários possam acioná-lo quando houver roubos e inserir fotos dos veículos em canais diretos com a polícia para agilizar a recuperação.


Com assessoria
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