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Arno Kunzler

2015, UM ANO PARA ESQUECER, OU PARA FICAR NA HISTÓRIA?

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E finalmente está chegando 2016.

Passados quase os 365 dias de 2015, um ano conturbado, ou melhor, um dos mais conturbados da história recente do Brasil, nos vemos finalmente diante de um ano novo cheios de esperança e confiança.

E aí me pergunto: é um ano para esquecer, ou um ano para ficar na história?

A julgar pela economia, pelos erros e equívocos da política econômica, pela desfaçatez de alguns governantes, pelo número de políticos que a cada dia se mostram menos confiáveis, seria o caso de esquecer…

Mas a julgar pela reação dos brasileiros que foram às ruas quando se sentiram enganados pelas promessas de campanha, ainda que de forma desorganizada e sem sucesso imediato; a julgar pelas investigações que estão levando importantes políticos e empresários corruptos à cadeia; podemos dizer que, talvez, tenha nascido em nós um espírito vencedor que nunca antes na história desse país se fez tão presente.

Então, 2015 será um ano para ficar na história do Brasil. Vamos vencer os desafios da economia, com sacrifício grande, é verdade, mas, graças às benesses ofertadas durante muito tempo pelo PT aos eleitores, descobrimos que política econômica e distribuição de renda têm que ser algo responsável.

Não se pode fazer distribuição de renda apenas para agradar eleitores em tempos de campanha.

Não se pode, e não se deve, criar benefícios eleitoreiros, sejam eles de que forma forem, através da famosa distribuição de cestas básicas do passado, ou da fantástica redução das contas de luz ou ainda do represamento dos preços dos combustíveis para dar a falsa sensação de bem-estar à população.

O que aconteceu em 2015 foi apenas o pagamento dessa irresponsabilidade eleitoreira.

Se é que descobrimos isso e podemos fazer valer o aprendizado para as próximas campanhas eleitorais, certamente crescemos politicamente.

Lembrando que facilmente nos tornamos massa de manobra de algum político demagogo, que durante a campanha eleitoral consegue soluções mágicas e aproveita o desgosto do povo com os governantes de plantão.

A história sempre se repete, ou tende a se repetir, dependendo da nossa capacidade de deixar enganar ou não.

Mas que venha 2016, inspirado pelo ilustre magistrado que para muitos salvou o ano de 2015, Sérgio Moro. Que seu exemplo possa ser seguido por outros magistrados, que outros promotores possam desempenhar com o mesmo sucesso outras frentes de investigações.

Que outros corruptos possam ser localizados e enquadrados, além de promover Justiça, mostrar que as coisas realmente serão diferentes de agora em diante.

Mostrar que empresário rico vai para a cadeia, que político com mandato vai para a cadeia e que juízes e promotores estão aí para guardar a lei e a ordem.

Que a partir de 2016 tenhamos confiança de que o Brasil, além de se recuperar economicamente, também conseguirá se recuperar moralmente.

Que os negócios entre governos e empresas, de ora em diante, sejam pautados pela ética e pelas boas práticas comerciais e não pelo direcionamento criminoso àqueles que desviam bilhões dos cofres públicos anualmente.

Que sejamos abençoados com a eleição de políticos honestos e criativos para mudar a realidade que vivemos e gerar soluções que atendam às necessidades dos nossos estudantes e dos que precisam do serviço público de saúde.

Que tenhamos bons projetos e dinheiro para construir as obras que tanto precisamos e fazer a manutenção daquelas que estão sendo deterioradas por falta de cuidados.

Parece tão pouco e o óbvio, mas, em se tratando de Brasil, é muito.

 

* O autor é jornalista e diretor do Jornal O Presente

arno@opresente.com.br

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