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Arno Kunzler

30 anos depois…

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Em 1991, um inquieto Arno Kunzler (eu), de 37 anos, quatro filhos pequenos e um caminhão de sonhos, externou seu desejo de ter um veículo de comunicação: um jornal impresso.

Era mesmo só um sonho muito distante.

Mas a necessidade falava mais alto e, mesmo diante de sucessivos fracassos de iniciativas anteriores, a vontade de montar um jornal em Marechal Cândido Rondon era maior.

Sinceramente, não contei as noites mal dormidas e as angústias vividas pelo desafio assumido.

Mas era para ser assim, compensava a falta de experiência com a sobra de disposição e vontade.

Os jornais que nasciam naquela época eram de empresários grandes com interesse político, a maioria vinculados a projetos eleitorais.

Nós queríamos montar um jornal sem vínculos, aberto, eclético, com o objetivo de produzir e compartilhar conteúdo jornalístico.

E, nesse caso, quando um veículo não está claramente vinculado a um projeto político ou empresarial, parece aos olhos de quem vê de fora que está contra todos.

A independência jornalística que perseguimos tem um alto custo, e nós sabíamos disso.

O custo não é necessariamente financeiro, mas de incompreensões, de intolerância e até de tentativas de retaliação.

Mesmo trabalhando e envolvendo toda a equipe num único propósito, produzir jornalismo independente, sem máculas, parece sempre que estamos atacando ou defendendo alguém.

Ao longo do tempo nos acostumamos com os ataques, as críticas e, não raramente, as ofensas.

Sobrevivemos às mudanças políticas do município, do Estado e do país.

Porque mesmo discordando da nossa opinião, as pessoas compreendem que jornal divulga fatos, mas também opiniões, e opiniões não são unanimidade.

Nunca procuramos escrever para agradar um leitor, mas alertá-los, despertá-los, instigá-los a pensar e refletir, aprofundar seu próprio senso crítico.

Nosso desafio é ser propositivo, é debater o futuro, dar espaço para as demandas políticas da região, abordar de forma crítica o que está em desacordo e enaltecer o que está bom e tem importância.

Não vamos desistir do nosso propósito. Somos, digamos assim, teimosamente persistentes.

Pedimos desculpas aos que gostariam de nos ver como aliados de causas políticas partidárias.

Embora entendemos e compreendemos as lutas políticas, não queremos fechar portas e nem excluir quem quer que seja.

Agradecemos de coração aqueles que nos compreendem, que compreendem nossa lida diária em busca de um bom jornalismo.

Aqueles que dão valor ao trabalho que realizamos com zelo e dedicação, divulgando pessoas, ideias, opiniões, críticas e elogios, sem rótulos.

Obrigado, Deus, por nos iluminar e nos dar forças para continuar firmes no propósito de informar os fatos com fidelidade.

Não queremos e sabemos que jamais seremos unanimidade, só queremos respeito ao nosso trabalho e a nossa história.

 

Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

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