Fale com a gente

Tarcísio Vanderlinde

A dúvida de Flávio Josefo

Publicado

em

Apliquei parte de meu tempo deste ano ao estudo da obra do historiador Flávio Josefo (37-100). Entre outros assuntos, descobri que Josefo ajuda a entender as vicissitudes humanas que nos envolvem no tempo presente.

Muitas questões abordadas por Josefo causam suspeitas pelo excesso de ornamentos. Separar casos reais de lendas que se construíram sobre determinado assunto será sempre um desafio. Por outro lado, costuma-se dizer que se abolirmos tudo o que parece lenda praticamente não teríamos história antiga.

Para o historiador Carlo Ginzburg, as narrativas fabulosas e contradições encontradas em Josefo se mesclam com dados preciosos que denotam conhecimentos profundos da história e das tradições judaicas e que a arqueologia moderna vem comprovando de maneira, às vezes, surpreendente. As narrativas de Josefo lembram os textos bíblicos. Contudo, o autor acrescenta muitas outras informações que não constam na Bíblia.

O paralelo entre a obra de Josefo e os textos canônicos da Bíblia tem ênfase maior em relação às histórias do Antigo Testamento. Porém, aparecem também fragmentos oportunos se consideradas as narrativas do Novo Testamento. É o caso, por exemplo, de Herodes, o Grande, aquele que no finalzinho de seu reinado, já em estágio terminal de vida, tentou caçar sem sucesso o menino Jesus, temendo que este pudesse abalar seu poder.

Todavia, existe na obra de Josefo um fragmento que fala de Jesus, e que coincide com o que se conta sobre ele na Bíblia: “Naquele tempo havia um homem sábio chamado Jesus. Seu procedimento era bom e era conhecido por suas virtudes. E muitas pessoas dentre os judeus e de outras nações tornaram-se seus seguidores”.

E prossegue: “Pilatos o condenou a ser crucificado e a morrer. Mas aqueles que se tornaram seus discípulos não abriram mão de seu discipulado. Eles relataram que ele lhes teria aparecido três dias depois da sua crucificação e que estaria vivo. Tendo isso em vista, ele TALVEZ tenha sido o Messias, a respeito do qual os profetas relatavam maravilhas”.

A dúvida de Josefo persiste em muitos dos seus conterrâneos do século XXI. Não são poucos os judeus, porém, que no tempo presente já reconhecem YESHUA como o Messias anunciado pelos profetas. Tive o privilégio de testemunhar isso ao participar com amigos de um serviço religioso com judeus messiânicos em Jerusalém.

João, o “discípulo amado”, com sensibilidade espiritual já nos havia deixado a missiva de que “a luz brilha na escuridão, e a escuridão nunca conseguiu apagá-la”.

Aos leitores e leitoras um FELIZ E ABENÇOADO NATAL!

 

O autor é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

Continue Lendo

Copyright © 2017 O Presente