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Tarcísio Vanderlinde

A geografia nas narrativas neotestamentárias

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Se existe algo que instiga o leitor a respeito das narrativas bíblicas é o fator geográfico associado aos textos. Visitar a Terra Santa é sonho de milhões de pessoas. Não são poucos aqueles que, ao sentir as paisagens bíblicas no pé pela primeira vez, não desejam lá voltar.

Alguns já estiveram dezenas de vezes nos lugares que costumam ter uma relação geográfica com a Bíblia, e mesmo assim não perderam a motivação de retornar. Até entre agnósticos e não cristãos costuma haver curiosidade sobre os lugares associados ao curto tempo de vida do Cristo histórico.

Os eventos registrados no Novo Testamento ocorreram à época na região central do Império Romano estendendo-se para o oeste desde a Palestina até Roma. Durante o período de 167 a 142 a. C., a Judeia conseguiu se libertar dos selêucidas helenistas da Síria graças a revolta instigada por Matatias e seus filhos. Posteriormente sob o comando de Pompeu, os romanos estenderam seu domínio sobre o espaço geográfico ao oeste do rio Eufrates.

Em 63 a. C., a Palestina foi integrada ao império romano permanecendo nesta condição durante todo o período descrito no Novo Testamento. Três regiões formavam a Palestina à época: Judeia ao sul, Galileia ao norte e Samaria na parte central. Habitantes da Galileia e da Judeia não se relacionavam muito bem com os samaritanos. As tensões aparecem nas narrativas bíblicas.

A Judeia era semidesértica, mas a Galileia era fértil, onde também habitavam muitos não judeus. Algumas parábolas contadas por Jesus levam em conta este aspecto geográfico. O rio Jordão, do mesmo jeito que é hoje, nascia no monte Hermon, e depois de formar o mar da Galileia seguia por um vale até o mar Morto. A Leste do rio, e próximo ao mar da Galileia, ficava a Decápolis, região das “dez cidades”, região onde Jesus ministrou em várias ocasiões. Atualmente é território da Jordânia.

Com a expansão do cristianismo, entraram em cena outras terras e cidades na geografia bíblica. Aparece a Síria, Líbano, Turquia, Chipre, Grécia e Itália. Destaca-se na expansão as andanças missionárias do apóstolo Paulo. Outros territórios ainda são mencionados no Novo Testamento, como é o caso de Etiópia e Espanha. As referências sobre estes territórios encontram-se respectivamente no livro de Atos e na carta de Paulo aos Romanos.

De acordo com a história eclesiástica, após ter escrito sua versão do evangelho, o apóstolo Mateus daria sequência à geografia bíblica no campo missionário da Índia.

 

O autor é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

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