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Dom João Carlos Seneme

A GRANDEZA DE UMA VIDA SE MEDE PELA CAPACIDADE DE AMAR E SERVIR

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No Evangelho deste domingo (08) estamos com Jesus em Jerusalém, ponto final de sua longa viagem. Ali, Ele será glorificado através de sua morte e ressurreição e revelará definitivamente o amor do Pai pela humanidade abrindo as portas do céu para todos aqueles que quiserem seguir seu caminho e ser seu discípulo.

O caminho de Jesus até Jerusalém foi também um itinerário catequético para os discípulos. Vários acontecimentos, milagres revelaram o contraste entre o jeito de ser de Deus e dos homens: acompanhamos os discípulos brigando pelos primeiros lugares, buscando prestígio e bem-estar; Pedro querendo afastar Jesus de seu caminho de sacrifício e entrega; incompreensão, discussões com as autoridades religiosas. Ao mesmo tempo, vimos sinais de fé das pessoas que encontravam em Jesus a força necessária para mudar de vida, ser ouvidos e curados de seus males. Principalmente aprendemos que para Deus entrar em nossas vidas é necessário esvaziarse e dar espaço para Deus e seu Reino. Esse apelo continua muito atual hoje.

Quem quer ser discípulo do Reino de Deus tem que superar dentro de si todo espírito de poder, ostentação, vaidade, privilégios, piedade hipócrita, exploração dos pobres. Hoje Jesus chama a atenção para o modo de comportar dos escribas (os intelectuais, letrados) da sua época: gostam de andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas; gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes. Eles exploram os mais pobres, aqui simbolizados pelas viúvas, sinal da pessoa desamparada e sem ninguém para defender seus direitos.

Jesus ensina seus discípulos e cada um de nós a não imitar este tipo de comportamento, pois o serviço generoso é a marca do verdadeiro discípulo de Jesus. Em seguida, Jesus, sentado junto ao cofre do templo, observa as pessoas que lá vão depositar sua oferta. Chama a sua atenção uma mulher, pobre e viúva, que deposita apenas algumas moedinhas. Este fato o comove e ele chama a atenção dos seus discípulos para ensinar que o exemplo dela deve ser seguido. Todos ofertavam o que sobrava e que não lhes faria falta; a pobre viúva, porém, ofertava a Deus tudo o que tinha, colocando em risco a própria vida.

O ensinamento de Jesus é simples e contundente: a viúva, na sua pobreza, e aos olhos de Deus, superou todos os ricos que ofertavam de sua abundância; sua entrega é maior e mais autêntica porque dá tudo de si. Enfim, Jesus revela que o Pai não nos julga pela quantidade de nossos dons, mas vê a generosidade de nosso coração. A atitude da viúva pobre é um modelo para todos os seguidores de Jesus: a verdadeira atitude de fé é confiar plenamente em Deus e não em valores materiais que nos dão segurança e prestígio. O grande desafio é entregar tudo nas mãos de Deus e confiar plenamente no seu amor.

O texto de hoje sublinha também a responsabilidade que temos com o mundo que nos cerca. A prática da partilha, da esmola e da solidariedade é uma das características do Espírito de Jesus, dado a nós no dia de Pentecostes, que deverá ser realizado na comunidade: ninguém passava necessidades, os bens eram repartidos entre todos segundo a necessidade de cada um. É a utopia da verdadeira comunidade idealizada por Jesus que não podemos perder de vista!

 

* O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

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