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Elio Migliorança

A INSPIRAÇÃO E A OFENSA

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Da África para o mundo. Nascido em uma desconhecida aldeia no interior da África do Sul, Nelson Mandela saiu do anonimato para tornar-se figura respeitada e admirada em todo o planeta. Como conseguiu isso? Sua aparência física era normal, nem mais alto e nem mais gordo que os outros. Mas o que o diferenciava dos demais era a sua envergadura moral, dava a vida em defesa dos seus ideais, e o ideal maior era defender o direito dos seus irmãos de cor, oprimidos, explorados e massacrados pelos colonizadores do continente africano. Homem de vida simples, sem apego ao poder, entregou a vida na luta contra a segregação racial, defendendo os direitos dos negros que mesmo sendo maioria no País, não tinham direitos, não tinham liberdade e eram injustiçados. Sua luta o levou para a cadeia. Foram 27 longos anos preso, até que líderes e organizações do mundo todo, pressionaram o governo para libertá-lo. Em 05 de dezembro de 2013 seus olhos fecharam-se para sempre, 95 anos depois de seu nascimento. Fica o exemplo, seu legado para a humanidade que vai imortalizá-lo como defensor dos direitos humanos, tendo conseguido que brancos e negros vivam em harmonia no seu País. É um exemplo a ser seguido. Viveu os valores mais sagrados de um ser humano que é dedicar a vida em defesa dos direitos dos mais fracos e excluídos. Quando foi eleito Presidente, ele tinha um projeto de Nação e não um projeto de poder. Não quis a reeleição e nem enriqueceu no exercício do mandato. Esta biografia inspirou na semana passada o Deputado João Paulo Cunha, a tentar uma carona para transformar-se de bandido em herói, em pronunciamento no lançamento de uma cartilha para contestar a sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão, ao comparar sua prisão à do falecido líder africano. É uma ofensa à nossa inteligência, achar que pode nos enganar. Esta comparação foi uma afronta à honra e à biografia de Nelson Mandela. Mandela sim foi um preso político, cujo crime foi defender os direitos de seu povo. João Paulo Cunha vai para a cadeia condenado por vários crimes pela maior instância do poder judiciário do País. Condenado pelos crimes de peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, tem o direito ao esperneio e à tentativa de convencer a opinião pública de sua inocência. O que ele e todos nós sabemos é que a coragem do STF em punir toda a quadrilha, acende a esperança de que este ato seja o começo do fim da impunidade neste País. Também no Paraná, o afastamento de Fábio Camargo do cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas e a anulação da eleição que o conduziu àquele cargo, mostra que é possível o Poder Judiciário fazer a justiça valer para todos. E como estamos às vésperas do Natal, que a vida e as obras de Nelson Mandela sirvam de inspiração para que todos tratem seus semelhantes com dignidade e respeito. Mandela viveu até as últimas consequências o mandato de Jesus Cristo: ama o teu próximo como a ti mesmo e ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos outros. A melhor maneira de comemorar o nascimento de Jesus é fazer o que ele nos mandou e tentar viver como ele viveu. 
* O autor é professor em Nova Santa Rosa
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