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Dom João Carlos Seneme

A paz é o único lugar onde podemos encontrar o Emanuel, Deus conosco

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Neste domingo (05) celebramos a solenidade da epifania do Senhor. Hoje é celebrada a festa da universalidade e do horizonte sem barreiras; a festa dos que estão longe. Deus se manifesta através da visita dos reis magos a Jesus que o reconhecem como o Salvador. Portanto, Deus se manifesta a toda humanidade através de Jesus Cristo. Ele é uma “luz” que se acende na noite escura do mundo e atrai a si todos os povos da terra.

A luz brilhou para nós, a luz da eternidade, que é Jesus. Nele não há mais trevas. Ele é a estrela que ilumina todos. Na noite de Natal, junto do presépio, celebramos a revelação do amor de Deus por nós. Hoje, junto deste mesmo presépio, celebramos o amor que se abre à humanidade acolhendo todos os homens e mulheres (comentário “Deus conosco”, Editora Santuário).

No Evangelho os magos representam todos os povos da terra que esperam ansiosamente a chegada do Salvador. Eles buscam e estão atentos aos sinais da chegada do Messias. Não são acomodados, saem de sua terra procurando com esperança; reconhecem o Salvador na fragilidade de uma criança, Jesus, Deus-salva, e o aceitam e o reverenciam com presentes. A salvação rejeitada pelos habitantes de Jerusalém torna-se agora um dom que Deus oferece a todos que o buscam sem cessar.

Podemos notar a referência a uma estrela “especial” que apareceu no céu e que conduziu os magos até Belém. Nesta catequese sobre Jesus, o evangelista Mateus apresenta Jesus como o Messias esperando por todos aqueles que têm esperança e denuncia os que rejeitam Deus e seu projeto salvador. O povo de Israel rejeita Jesus, enquanto os “magos” do Oriente (que são pagãos) o adoram; Herodes e Jerusalém “ficam perturbados” diante da notícia do nascimento do menino e planejam a sua morte, enquanto os pagãos sentem uma grande alegria e reconhecem em Jesus o seu salvador.

Mateus preanuncia, desta forma, que diante de Jesus haverá reações diversas, que vão desde a adoração (os magos), até a rejeição total (Herodes), passando pela indiferença (os sacerdotes e os escribas: nenhum deles se preocupou em ir ao encontro desse Messias que eles conheciam bem dos textos sagrados). Os magos, orientados pela estrela e atentos ao que acontece ao seu redor porque buscam o Salvador, tornam-se exemplos de discípulos. Olhando a estrela eles encontram Deus encarnado. A inclinação diante do menino é o ato de reconhecimento e submissão ao rei, não somente dos judeus, mas de toda a terra. Os presentes oferecidos são a confissão da fé de todos os povos na divindade, na realeza e no sacerdócio do Verbo que assumiu a nossa humanidade. Mateus recorre à adoração sempre para expressar o reconhecimento de Jesus como um ser superior e não simplesmente humano (Ele é Filho de Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade). Adorar é reconhecer o único Deus e Senhor. Aquele menino é o Senhor verdadeiro. Lucas expressa esta verdade através do anúncio dos anjos, enquanto Mateus o relaciona com este belo e dramático relato da visita dos reis magos. A humanidade precisa urgentemente chegar ao centro de suas vidas e suas buscas. Nós temos a missão de ser instrumentos conduzindo os homens e mulheres de hoje até Jesus para que encontrem o sentido de suas vidas.

Recordemos as palavras do papa Bento XVI: “no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa (Jesus Cristo) que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

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