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Arno Kunzler

A queda do PSDB

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O partido que monopolizou as discussões e articulações políticas desde a redemocratização do Brasil, após o regime militar, está em frangalhos.

Pode até encontrar um rumo e se levantar para uma disputa digna das eleições de 2022. Todavia, o PSDB vem colhendo fracassos sucessivos e não dá sinais de que vai aumentar suas chances.

Primeiro foram as sucessivas derrotas de José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves. Agora parece que as prévias estão criando tantos obstáculos que, o que ainda estava vivo e sendo construído, aos poucos vai se perdendo entre discursos desconexos e artimanhas eleitoreiras, além de problemas com o aplicativo eleitoral.

Seja quem for o candidato do PSDB, João Doria ou Eduardo Leite, já sai enfraquecido dentro da legenda, sem contar que a essas alturas o ex-juiz Sergio Moro está léguas de distância na tentativa de construir uma candidatura viável pela terceira via, a qual ele diz ser a única via.

Depois do fracasso de Aécio Neves, que perdeu para Dilma Roussef (PT) no segundo turno e do fiasco do PSDB com Alckmin nas eleições de 2018, só mesmo um fato novo e vigoroso poderia recuperar a legenda.

Porém, tanto Aécio Neves como Geraldo Alckmin estão recolhidos às disputas estaduais, tentando recuperar seus redutos perdidos. Serra está doente e fora de qualquer disputa. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso perdeu o controle das principais lideranças. E o comando do partido está sendo disputado entre João Doria e Eduardo Leite.

É provável que essa disputa seja uma conta de dividir e não de somar. Talvez nem Doria e nem Leite consigam emplacar apoio suficiente para serem candidatos viáveis.

Aí, pela primeira vez desde 1995, o PSDB não terá candidato a presidente e seus principais líderes nos Estados com pouca ou nenhuma chance de recuperar o protagonismo perdido, especialmente se Alckmin, na queda de braço para João Doria, deixar o partido.

No Paraná, apesar do governo bem avaliado na época, Beto Richa acabou sendo preso às vésperas das eleições que o elegeriam senador. O máximo que o PSDB do Paraná conseguirá nestas eleições é uma legenda para eleger deputados estaduais e federais.

Em São Paulo, onde o partido há décadas não perde eleição para governador, desta vez corre sério risco, principalmente se Doria for o candidato à reeleição. Em Minas Gerais, Aécio conseguiu se livrar da prisão, mas não das acusações de envolvimento com escândalos de corrupção.

Resta ao sabor dos críticos Eduardo Leite, um jovem governador que mudou positivamente a administração pública do Rio Grande do Sul, que até então pagava salários com atraso e fornecedores se negavam a vender para o Estado.

No Ceará, desde que Ciro Gomes deixou o PSDB para apoiar a esquerda e ser ministro de Lula, Tasso Jereissati não consegue protagonismo nem nas eleições estaduais.

Assim, o PSDB pode estar minguando e depois das eleições de 2022 perder completamente o protagonismo das discussões políticas nacionais, sepultado pelo egocentrismo de Doria.

Resta saber o resultado da fusão DEM/PSL, que se chama União Brasil, com proposta de lançar candidatura própria, cujo nome é o do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, mas também pode compor com Sergio Moro.

Gilberto Kassab, do PSD, deseja ainda lançar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, como candidato à Presidência, mas no cenário atual essa candidatura não está sendo levada muito a sério, especialmente pela aproximação de Kassab com o ex-presidente Lula (PT).

Ciro Gomes acusou o golpe e perde votos para Lula a cada discurso que faz e já aparece nas pesquisas atrás de Sergio Moro.

Como se vê, 2022 vai produzir muitos efeitos. Uns vão surgir fortes e com futuro, outros vão sumir do mapa.

 

Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente e da Editora Amigos
arno@opresente.com.br

 

 

 

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