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Dom João Carlos Seneme

“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”

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Chegamos ao final do capítulo sexto do Evangelho, segundo João, que narra o discurso do pão da vida. Nestes últimos versos nos confrontamos com o choque, o escândalo que as palavras de Jesus causaram não apenas nos judeus, mas também entre seus discípulos. As palavras, muitas vezes, eram duras e agrediam os ouvidos dos discípulos que o seguiam com devoção, mas não eram capazes de aceitá-las porque não conseguiam compreender quando Jesus declarava que desceu do céu e que na sua carne, frágil e mortal, estava o Deus vivo. Que Jesus fosse um profeta, tudo bem. Mas que tenha descido do céu e que daria o próprio corpo e sangue como alimento, isso era demais. Suas palavras soavam como uma pretensão insuportável, impossível de ouvir e acolher.

Mesmo diante do abandono de muitos seguidores, Jesus não se irrita, não condena ninguém. Ele não modifica seu discurso nem o seu destino. Jesus não perde a paz; o fracasso não lhe inquieta. Dirigindo-se aos Doze, lhes faz a pergunta decisiva: “Vós também vos quereis ir embora?”. Não os quer reter pela força; deixa-lhes a liberdade de decidir. Seus discípulos não devem ser servos, mas amigos. Se quiserem, podem voltar às suas casas.

As palavras de Jesus iluminam os recantos mais profundos do ser humano; ela reacende a esperança onde tudo já perdeu o sentido; como a chuva em terra seca, ela desperta novidades na vida, sacode as consciências adormecidas, põe em questão as atitudes de indiferença e de fechamento.

A resposta de Pedro é exemplar: “Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna”. É uma pergunta também dirigida àqueles que continuam na Igreja. Queremos ficar por causa de Jesus e seu projeto. Acreditamos num mundo melhor com Deus nos guiando e orientando nossa vida. Por mais complicada e dolorosa, a crise do mundo atual será positiva se continuarmos juntos na Igreja. Não importa o número. Queremos ser discípulos de Jesus.

Muitas pessoas ainda não conhecem a mensagem de Jesus. O maior serviço que podemos prestar à Igreja é colocar a mensagem de amor e salvação que Jesus trouxe ao alcance de homens e mulheres do nosso tempo. As pessoas precisam escutar as palavras de Jesus, só elas são “espírito e verdade”.

Os 12 apóstolos permaneceram com Jesus e, através de Pedro, afirmaram a sua fé Nele, estão convencidos de que somente Ele tem palavras de vida eterna. Eles representam todos os que estão dispostos a dedicar a vida ao serviço do Reino de Deus. Eles ensinam a viver a verdadeira fé, que consiste em uma relação existencial com o Senhor que leva a construir relação nova de justiça e fraternidade entre todos.

Neste quarto domingo celebramos o dia da/do catequista. Esta vocação é dom de Deus para o bem de todos. São mulheres e homens que compartilham a sua fé e ajudam crianças, jovens e adultos a conhecer o amor de Deus em Jesus Cristo na luz do Espírito Santo. A catequese é a missão primordial da Igreja e ser catequista é manter viva essa missão. Catequistas de nossa diocese, obrigado pelo bem que fazem e pelo serviço pastoral essencial a que se dedicam. Deus os abençoe!

 

Dom João Carlos Seneme é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

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