Fale com a gente

Arno Kunzler

A revoada

Publicado

em

A partir do segundo semestre deste ano, viveremos a maior revoada de políticos da história do Brasil.

Se as regras eleitorais não sofrerem mudanças, muitos partidos tradicionais, que desde a redemocratização na década de 80 comandavam as ações, poderão ficar sem legendas em muitos Estados.

No caso do Paraná, até o MDB, que tantas vezes foi vitorioso em eleições estaduais, corre o risco de implodir, caso não haja entendimento entre os deputados federais e o ex-governador Roberto Requião.

No DEM, fala-se abertamente que não haverá legenda, o que significa que todos os deputados que pretendem buscar a reeleição e todos os líderes filiados que almejam disputar eleições estaduais ou federais em 2022 terão que mudar de partido.

Os partidos que devem ganhar mais são, pela ordem, o PSD do governador Ratinho Junior, o PP da ex-governadora Cida Borghetti e do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros, e o PT, que deve aglutinar a maioria das lideranças da esquerda.

Caso a candidatura de Ciro Gomes a presidente do Brasil consiga deslanchar, talvez o PDT possa se tornar alvo de muitas lideranças também.

Os demais partidos são incógnitas. Dependem de entendimentos que envolvem outros Estados também, como o próprio PSDB.

Talvez teremos numa eleição estadual, de forma inédita, cinco ou seis partidos disputando.

Aliás, a ideia de acabar com as coligações para eleição proporcional tem justamente esse pano de fundo, asfixiar os partidos de “aluguel”, as legendas que em épocas de eleição ganham força porque têm espaço na TV e recursos do fundo partidário e eleitoral.

Essas legendas sempre serviram para negociatas em períodos eleitorais e em nada contribuíram para o aperfeiçoamento político eleitoral.

Nesta semana, o deputado paranaense Rubens Bueno alertou que uma das mudanças propostas, que está em tramitação no Congresso e que visa adotar o chamado “distritão”, poderá resultar no fim dos partidos políticos.

Talvez estejamos mesmo vivendo momentos de grandes mudanças políticas e uma delas pode até ser o fim dos partidos.

Os partidos políticos no Brasil, há muito tempo, tornaram-se cartórios administrados para eternizar pessoas no poder.

Essa é a razão por termos famílias que fazem mandados de pai para filho, filho para neto e assim por diante e nunca perdem as eleições.

Os casos mais emblemáticos são da família Magalhães, na Bahia, e Sarney, no Maranhão.

Se for para melhor, que acabem os partidos, inclusive o fundo partidário e eleitoral.

Não é de hoje que as candidaturas avulsas estão sendo reivindicadas. Talvez, agora, seja o momento.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

Continue Lendo

Copyright © 2017 O Presente