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Silvana Nardello Nasihgil

A vida cobra caro dos que insistem em não olhar o entorno

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Faz dias que eu quero abordar esse tema. Pensei em mil maneiras de me expressar, mas, na falta das palavras certas, é preciso dizer porque se faz necessário esse alerta.

Vamos lá: redes sociais.

Sim, durante uma enxurrada de demandas advindas da bagunça que esse meio está causando, a gente precisa parar um pouco e repensar: o que estamos fazendo com as nossas vidas? Quão da nossa intimidade estamos explicitando para o mundo? Qual a nossa real intenção quando insistentemente postamos fotos íntimas em roupas extremamente diminutas? O que estamos alimentando em nós quando nos tornamos extremamente exibicionistas? Por que estamos permitindo que terceiros entrem na nossa intimidade, dando espaço e boas-vindas mesmo sem sequer imaginar as suas intenções?

Passeio nas redes sociais e vejo poucas mensagens animadoras, de esperança, com recados positivos. Mas sobram amostras de perfeita felicidade, gente se exibindo à exaustão e indiretas com endereços certos.

Então, gostaria de chamar vocês, leitores, à reflexão sobre as razões que levam a esses comportamentos.

Muita gente deixa portas escancaradas para que oportunistas entrem e como um vendaval destruam além do amor próprio, a vida.

Muita gente abre espaços nas suas relações para que terceiros de má-fé venham trazer dúvidas e possivelmente muitas angústias.

Tenho relatos de casamentos destruídos por darem atenção a esse tipo de exposição, vidas jogadas fora, sofrimentos e mais sofrimentos acusados pela falta de atenção nas coisas que realmente importam na vida.

Muito narcisismo comandando o existir, muito desejo de ser observado, querido, muita sexualidade envolvida e pouco foco no futuro. Pouco projeto de vida consistente, pouca realidade e muita fantasia.

Eu lamento muito quando sinto para onde as pessoas estão direcionando o seu existir, pois jamais irão construir histórias verdadeiras e consistentes. Muita gente está deixando perder o que é legítimo por não se dar conta de que a única coisa que conta realmente na vida são aqueles que realmente nos amam e partilham a vida conosco. Tudo mais são devaneios com grande potencial de se transformarem em tragédia.

Quem perde o respeito por si, permitindo que todo tipo de bijuteria disfarçada de ouro possa adentrar em sua vida, perde o rumo e o futuro. Envolvido nas vaidades, adentrará um mundo de mentiras que levará ao caos.

Uma hora a gente precisa acordar e observar o que realmente importa… e tomar o rumo.

Depois que as coisas se tornarem insustentáveis não adiantará mais queixar-se pelas atitudes que não tomou em tempo. A vida cobra muito caro daqueles que, presos em suas vaidades, insistem em não olhar o entorno.

Eu só lamento, e muito!

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

 

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