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Dom João Carlos Seneme

A vida do ser humano pertence somente a Deus

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No Evangelho deste domingo (19) (Mateus 22,15-21), Jesus tem um confronto sério com as autoridades do seu tempo: saduceus, fariseus e simpatizantes de Herodes. A intenção é desmoralizar Jesus diante de seus seguidores. Para isso, fazem uso de uma armadilha simulando que respeitam a sabedoria e autoridade de Jesus como mestre judeu. A pergunta é: “é lícito ou não pagar tributo a César?”. Pergunta capciosa, cheia de maldade e segundas intenções. Se Jesus responder “sim”, que se deve pagar o imposto a César, será acusado pelos fariseus de colaborar com Roma; se disser “não” passará por subversivo diante dos simpatizantes de Herodes. Mas, Jesus desmonta a artimanha dizendo “sim” duas vezes. Distingue bem a soberania de Deus sobre o ser humano e o poder temporal de César como imperador e chefe político.

Jesus indica que o ser humano não pode e nem deve viver alienado de suas obrigações para com a comunidade em que está integrado. Em qualquer circunstância, ele deve ser um cidadão exemplar e contribuir para o bem comum. A isso chama-se “dar a César o que é de César”.

No entanto, o que é mais importante é que o homem reconheça a Deus como o seu único Senhor. Nas palavras do profeta Isaías, “Eu sou o Senhor, não há outro”. As moedas romanas têm a imagem de César: que sejam dadas a César. O homem, no entanto, não tem inscrita em si próprio a imagem de César, mas sim a imagem de Deus: “Deus disse: ‘façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança’”. Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus”. Portanto, o homem pertence somente a Deus, deve entregar-se a Deus e reconhecê-lo como o seu único Senhor. Isto significa que o homem e a mulher não são objetos que podem ser usados, explorados e alienados, mas seres revestidos de uma suprema dignidade, de uma dignidade divina. Destruir a imagem de Deus que existe em cada criança, mulher ou homem é um grave crime contra Deus. Nós, os cristãos, não podemos permitir que tal aconteça. Devemos sentir-nos responsáveis sempre que algum irmão ou irmã, em qualquer canto do mundo, é privado dos seus direitos e da sua dignidade; e temos o dever grave de lutar, de forma objetiva, contra todos os sistemas que, na Igreja ou na sociedade, atentem contra a vida e a dignidade de qualquer pessoa.

Neste dia a Igreja Católica no mundo inteiro celebra o Dia Mundial das Missões (18 e 19 de outubro), em que todos são estimulados a colaborar de alguma forma com as missões em todas as nações. A coleta em favor das missões é uma forma de estarmos presente ajudando muita gente a descobrir que são amados e amadas por Deus nos mais distantes rincões do nosso mundo.

O papa Francisco, em sua mensagem para este dia, chama a atenção para as consequências da busca desordenada de bens materiais dizendo que o grande perigo da atualidade com suas múltiplas ofertas de consumo é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais. E continua definindo que discípulos são todos os que se deixam conquistar mais e mais pelo amor de Jesus e marcar pelo fogo da paixão pelo Reino de Deus. Todos são chamados a alimentar a alegria da evangelização que brota do encontro com Cristo e da partilha com os pobres. Por isso, encoraja as comunidades paroquiais, as associações e os grupos a viverem uma intensa vida fraterna, fundada no amor a Jesus e atenta às necessidades dos mais carentes. O Dia Mundial das Missões é um momento propício para reavivar o desejo e o dever moral de participar da missão ad gentes. A contribuição monetária pessoal é sinal de oferta de si mesmo, primeiro ao Senhor e depois aos irmãos.

A Igreja é, por sua natureza, missionária, que nas palavras do papa Francisco significa “em saída”! “Queridos irmãos e irmãs, dirijo o meu pensamento a todas as igrejas locais. Não nos deixemos roubar a alegria da evangelização. Convido-vos a mergulhar na alegria do Evangelho e a alimentar um amor capaz de iluminar a vossa vocação e missão”, finaliza a mensagem papal.

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