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Arno Kunzler

Aberração

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O ministro Edson Fachin, do Supremo tribunal Federal (STF), tomou ontem (14) uma decisão coerente para evitar uma atitude incoerente do governo federal, que propôs a importação de armas isentas de impostos.

Não tem nenhuma lógica, nem bom senso, autorizar a importação de armas sem pagamento de impostos.

Com todo respeito ao cidadão que deseja ter arma, direito esse que sempre defendemos aqui e continuamos defendendo, mas quem quiser comprar uma arma que pague o imposto.

Se o governo cobra impostos sobre importação de alimentos, insumos agrícolas, máquinas, tecnologia, insumos médicos, qual é a fundamentação e a lógica de isentar as armas?

É claro que o presidente da República sabia que isso seria derrubado, mas assim ele fica de bem com os seus aliados radicais que defendem a isenção da importação de armas e deixa em “maus lençóis”, perante a opinião pública, quem acabou tendo que modificar a decisão.

O Brasil inteiro vê nesses dias, através das redes sociais, críticas e ataques orquestrados ao ministro Fachin.

É o jogo político que a maioria das pessoas não percebe e embarca nessa onda, comprando as dores do seu líder, supostamente derrotado.

Sempre que um fato desses é jogado na mídia, que passa semanas debruçado sobre o assunto, podemos perceber que coisas importantes estão na pauta, justamente para desviar a atenção de grande parte das pessoas.

O Congresso vive semanas de muita tensão, uma enxurrada de “toma lá dá cá” para eleger os presidentes da Câmara e do Senado.

Sabe-se que o governo concentra todas as suas forças para evitar que Rodrigo Maia exerça influência sobre o próximo presidente da Câmara.

As atenções que estariam voltadas para o debate eleitoral das Casas passam quase desapercebidas por causa de uma discussão criada e alimentada pelas redes sociais sobre importação de armas.

E o governo, quando precisa de votos no Congresso, age conforme os interesses dos parlamentares, que nessas horas têm preço.

Alguns cobram obras e outros cobram benesses.

Só quem transita nesse ambiente conhece as artimanhas que “convencem” esse eleitorado.

E aí a gente se pergunta: qual a importância de um debate nacional sobre importação de armas, se deve ser isento ou não?

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

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