Fale com a gente

Editorial

Agro no vermelho

Publicado

em

O agronegócio, que tanto tem contribuído para o Brasil, produzindo alimentos para as pessoas no país e no mundo, detentor de títulos como salvador da balança comercial brasileira, está enfrentando pesados desafios, seja na produção de grãos ou na criação de animais.
As recentes quebras de safra na região Sul, que ainda serão totalmente contabilizadas, especialmente em regiões como o Oeste do Paraná, vão reduzir a quase nada a renda nas lavouras. Muitos produtores sequer vão conseguir recuperar o investimento feito no trato da terra e na hora do plantio. O prejuízo, para ampla parte dos agricultores da região, é certo.
O problema, no entanto, vem ainda do ano passado, quando cerca de 30 milhões de toneladas de milho deixaram de ser produzidas por conta do clima. A expectativa, agora, é para o milho safrinha, que ainda nem foi totalmente plantado, mas os prejuízos já estão contabilizados. Uma parte vai tentar o seguro agrícola para, quem sabe, não ter lucro, mas também não ter prejuízo. Nesse, que é um dos melhores cenários, é uma safra inteira sem ganho algum.
Se para os agricultores não está bom porque não haverá colheita significativa, para os produtores de proteína animal também não. Isto porque o preço do milho e da soja, principais componentes da ração animal e que representam mais de 70% do total dos custos de produção de aves e suínos, por exemplo, estão nas alturas. Produtores de frango, ovos, leite, carne bovina e carne suína estão trabalhando no vermelho.
Uma das piores situações acontece com produtores independentes de suínos. Sem integradoras, arcam com todos os custos e estão pagando para trabalhar. Isso porque eles estão recebendo cerca de R$ 4 pelo quilo do suíno vivo, mas o custo desse mesmo quilo é de R$ 8. Ou seja: estão gastando o dobro do que estão ganhando. Muitos já pensam em medidas extremas, como reduzir os níveis nutricionais dos animais, diminuir o tempo para abate ou, o pior, decretar falência de seus estabelecimentos. O cenário da suinocultura independente se repete em todas as regiões produtoras do Brasil.
Pecuaristas de leite e outras carnes também estão sentindo o aumento constante nos custos de produção, sem que o mercado consiga absorver esses custos. Na cadeia de frango, que é praticamente toda verticalizada, com destaque para as cooperativas, esse cenário é igualmente preocupante. Afinal, a base da alimentação do frango é o milho e a soja. Os produtores estão mais assegurados, mas as cooperativas e outras empresas terão que afinar suas gestões para não ficar no vermelho.
O Oeste do Paraná e o Brasil, de maneira mais generalizada, vão sentir esses impactos profundamente. É preciso que as lideranças olhem com muita atenção para o agronegócio, neste momento tão complicado para o setor. Medidas emergenciais devem ser tomadas para atenuar o atual quadro de crise do agro, no entanto, políticas mais eficientes precisam ser discutidas para serem implementadas a longo prazo visando minimizar esses altos e baixos que este importante setor tem.

Medidas emergenciais devem ser tomadas para atenuar o atual quadro de crise do agro

 

Continue Lendo

Copyright © 2017 O Presente