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Editorial

Água é vida. E a falta dela?

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Em 2015, quase três mil milímetros de chuva caíram em Marechal Cândido Rondon. No ano seguinte, um pouco mais de dois mil milímetros encharcaram a terra. Já em 2017, foram mais de 2,5 mil milímetros. Em 2018, mais de 2,1 mil. Em 2019, alerta ligado: menos de 1,9 mil. Mas o pior mesmo é o que está acontecendo desde o ano de 2020, quando choveu só 1.343 milímetros no município. Este ano, até 19 de agosto, choveu só 850 milímetros no município. Os dados do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) mostram que nos últimos cinco anos as chuvas estão sendo cara vez mais raras por aqui.

No Paraná, as precipitações mensais estão abaixo da média desde meados de 2018. No ano passado, em apenas três meses choveu acima da média. Hoje o Estado se encontra em situação de emergência hídrica. Rodízios de água e a falta dela são comuns para muitas famílias e empresas.

Não bastasse, não há sinais de melhora. A escassez de água na região hidrográfica do Paraná deve permanecer até novembro. A partir deste mês a tendência é de que as chuvas voltem com volumes mais expressivos, especialmente quando começa o plantio da safra de verão. No entanto, vale lembrar que no ano passado as chuvas do início da primavera não vieram, contrariando as previsões, fazendo produtores retardar a introdução das lavouras, causando prejuízos de produtividade e com a geada neste ano, na safra de milho que também foi plantada mais tardiamente e sofreu com o frio. Aliás, modelos meteorológicos já sinalizam para a interferência do fenômeno chamado La Niña, que reduz a quantidade de chuvas no Sul do Brasil.

E não é só o Sul. Em São Paulo, os níveis dos reservatórios já estão equivalentes ou menores que na crise hídrica experimentada no final da primeira metade dessa década. Em vários Estados a situação é preocupante.

Tão preocupante a ponto de lideranças do setor energético e políticos começarem a cogitar a possibilidade de um apagão de energia elétrica no Brasil, exatamente 20 anos depois do governo federal ter programado blecautes para não colapsar o sistema. Só o fato de se cogitar essa possibilidade de apagão mostra que o país não aprendeu nada em duas décadas, não fez nada para evitar esse cenário.

Voltando a Marechal Rondon, as pessoas estão enfrentando rodízio no fornecimento. Durante 12 horas, três vezes na semana, as residências e comércios não recebem água. Hoje o município tem capacidade para produzir 12 milhões de litros de água potável por dia, no entanto o consumo em períodos de altas temperaturas é de 13 a 14 milhões de litros por dia. A conta não fecha. Déficit.

Está faltando água para beber, para dar aos animais, para cultivar a terra. Agora, a escassez hídrica ameaça a geração de energia elétrica no país. Só não vê quem não quer que essa situação pode se tornar ainda pior.

Portanto, não desperdice água. Não lave calçadas com água boa, evite banhos longos, reuse a água na medida do possível. Seja consciente. Não é porque você está pagando que pode usar água como bem entender.

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