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Editorial

Ainda há tempo para cobrar o seu deputado

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O Brasil vive nesta semana mais um momento decisivo para a moralização da política brasileira. A votação na Câmara Federal vai definir possivelmente amanhã (02) se vai ser aberto ou não o processo que torna o presidente Michel Temer réu por crime de corrupção. No centro da maior crise política da atualidade, o presidente faz manobras e mais manobras para tentar conseguir o número de votos suficientes que o livrem das acusações, que têm como base as delações e gravações do empresário Joeslei Batista, da JBF.

Distribuiu emendas parlamentares, com recursos para os deputados usarem como bem possam entender em suas bases eleitorais, promoveu encontros e jantares, persuadiu indecisos, remanejou equipes de seu governo para inchar o plenário da Câmara a seu favor. O velho e asqueroso balcão de negócios que sempre acontece nesse tipo de momento em Brasília.

Se por um lado a situação faz as contas, a oposição também faz. Quer angariar o maior número de deputados para dar prosseguimento à denúncia e colocar o peemedebista no banco dos réus. Ninguém sabe ao certo que fim terá esse momento histórico vivido pelo país. As margens são estreitas para ambos os lados.

Se os deputados estão divididos entre o sim e o não, os eleitores estão bem convictos. Uma pesquisa realizada pelo Ibope entre os dias 24 e 26 de junho mostra que 81% dos entrevistados esperam que o Legislativo vote a favor da denúncia. Só 14% acreditam que os deputados devam votar pelo arquivamento. Outros 5% não souberam responder ou não responderam. Ao mesmo tempo, o chefe do governo federal tem a pior aprovação e a maior rejeição de toda a história, superando até mesmo a sua sucessora, Dilma Rousseff.

Se o Brasil está tão inclinado a ver Temer como réu e pagar pelos seus crimes, caso sejam comprovados, os deputados federais não estão ouvindo a quem deveriam ouvir e representar: os eleitores. Se fosse o povo a votar, com certeza Temer e sua trupe não estariam mais no governo.

Tem muito deputado dizendo por aí que vai votar não a favor nem contra Temer, mas a favor do Brasil, para tentar justificar sua posição favorável ao presidente, utilizando argumentos como recuperação financeira e volta do crescimento econômico como necessárias para o país. Tudo isso é muito importante, mas essas situações devem ser analisadas depois que as graves denúncias contra Temer forem elucidadas. Errou, que pague exemplarmente.

O brasileiro está ansioso para reconquistar seu posto de trabalho, retomar investimentos parados, dar continuidade à vida depois dos duros golpes econômicos e morais que sofreram nos últimos meses. Os empresários estão cansados, para a indústria falta fôlego, as famílias perderam poder de compra. O cenário é dos piores, mas antes de o país dar o próximo passo, é preciso tirar todas as maçãs podres do saco, varrer a sujeira para bem longe para mostrar que o brasileiro está contra todo e qualquer corrupto. Ainda há tempo para cobrar a posição do seu deputado.

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