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Elio Migliorança

Além de Médicos

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Para o viajante que está chegando ao Brasil agora, a primeira impressão é que o problema da saúde pública se resume à falta de médicos para atender a população, e concluirá que o governo está fazendo o maior esforço para solucionar o problema, aceitando, inclusive, a vinda de estrangeiros para atender esta necessidade urgente. Pobre viajante. Mal sabe ele que esta é apenas a consequência e não a causa do problema. Falta uma estrutura decente para que o médico possa fazer o seu trabalho com segurança e com resultados para o paciente. Sem o material básico e sem estrutura adequada, o médico corre o risco de cometer erros, ser penalizado por isso e, o que é pior, o paciente morrer. Além de médicos, falta vergonha na cara daqueles que se beneficiam do dinheiro da saúde, desviado no ralo da corrupção por compras superfaturadas ou obras nunca realizadas. Além de médicos, falta uma auditoria completa sobre a dívida interna e externa dos governos municipais, estaduais e federal. Sim, porque aquela história de que o Brasil não tinha mais dívida externa foi a maior enganação. O que era dívida externa se transformou em dívida interna e até hoje ela só cresceu. Estamos devendo mais de R$ 2 trilhões. E isso consumiu só nos últimos 12 meses mais de R$ 200 bilhões para pagar os juros dessa gigantesca dívida. É dinheiro suficiente para realizar quatro copas do mundo e umas três olimpíadas. E ninguém do governo toca nesse assunto. Uma auditoria completa sobre onde foi gasto este dinheiro e a quem beneficiou. Auditoria que não vai sair nunca porque a maioria dos políticos das três esferas do poder tem o rabo preso.
Além de médicos, faltam investimentos para melhorar e ampliar as estradas do Brasil. Além de médicos, é preciso uma reforma administrativa no comando do governo federal. Se amanhã fossem extintos dez ministérios, não faria falta e ninguém perceberia, senão àqueles que estão “mamando” nas tetas do governo. Além de médicos, falta um eficiente controle da corrupção com punição exemplar para os culpados. Além de médicos, falta uma reforma que simplifique a burocracia na administração pública, diminua a estrutura do governo com a extinção imediata dos ministérios desnecessários que foram criados não para ajudar o país, mas para atender os interesses de partidos em troca de apoio, uma afronta a quem trabalha e produz. E aqui cabe bem o texto escrito pela filósofa russo-americana Any Rand, judia fugitiva da Revolução Russa, que chegou aos Estados Unidos na metade da década de 1920. “Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada, quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores, quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você, quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em autossacrifício, então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.

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