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Elio Migliorança

Alívio e pesadelo

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O bombardeio de informações que nos chegam diariamente pelos meios de comunicação multiplicados pela tecnologia digital tem criado certas dificuldades de processamento, de acompanhamento e de análise dos principais fatos que podem impactar a vida agora ou comprometê-la no futuro. 

Um suspiro de alívio saiu da garganta dos brasileiros com o esperado início da vacinação contra a Covid-19, fato que no Brasil demorou para chegar, mas está aí e ao alcance da mão. Mas estamos no Brasil, e quando parecia que a pandemia nos havia ensinado quase tudo em termos de solidariedade e consideração pelas demais pessoas, depois de centenas de milhares de mortos pela Covid-19, nestes momentos em que está em jogo a sobrevivência, o lado perverso da banda podre do ser humano acaba falando mais alto e o que vimos em centenas de municípios brasileiros foi o pesadelo com o surgimento dos fura-fila, aqueles que, por via política, por abuso do poder ou por pura maldade, acabaram recebendo a vacina indevidamente, deixando para trás aqueles que tinham prioridade na vacinação, especialmente as pessoas que fazem parte dos grupos de risco.

Algumas classes profissionais tiveram uma postura vergonhosa querendo impor a sua classe como essencial, ou pessoas apadrinhadas por políticos e assemelhados que ao serem vacinados podem estar condenando alguém à morte, especialmente se a pessoa que perdeu a vez tiver uma comorbidade ou se estiver na linha de frente no combate à pandemia, caso dos profissionais da saúde.

Alívio também no Paraná e especialmente na região Oeste do Estado com a chegada do ano do fim dos contratos do pedágio mais caro do mundo, a vencerem no próximo mês de novembro. Mas aí surge o pesadelo da proposta dos novos contratos, que podem frustrar a expectativa de conseguir novos contratos com valores decentes que não nos condenem a outros 30 anos de exploração. E nesta abertura de debates sobre os novos contratos surgiram algumas informações espantosas. Uma delas é a praça de pedágio entre Cascavel e Toledo. Se já pagamos a duplicação, pedagiar por que, afinal?

É aí que surgiu a revelação que se tornou um pesadelo. No trecho Toledo a Cascavel está incluído o trecho Campo Mourão a Cascavel como se fizesse parte do mesmo trecho, ou se quiser, traduzindo em miúdos, o pedágio do trecho Toledo a Cascavel vai ajudar a pagar a duplicação para Campo Mourão. Tamanha patifaria foi surpreendente.

Não que a gente seja contra a duplicação daquele trecho, mas quem usa que pague. Logo, o valor a ser pago lá que financie a duplicação.

Tudo isso para que o povo saiba que o pedágio será pago por todos visto que ele está embutido no valor das mercadorias que chegam à nossa região via rodovias e os nossos produtos vão pagar para chegar no porto para exportação.

Outro trecho já duplicado, que é Cascavel a Capitão Leônidas Marques, está incluso como parte da BR-277. Logo, quem transitar naquela região vai ajudar a pagar a duplicação da BR-277.

Para que o pesadelo não caia sobre nós por mais 30 anos é urgente que todos, entidades, associações, sindicatos, agronegócio, indústria e comércio juntos, participemos das audiências públicas e manifestemos de todas as formas nossa indignação. Sob pressão, temos chance de conquistar vez e voz nesta construção. Vamos garantir o futuro da região e evitar a exploração da nova geração que vem aí.

 

O autor é professor em Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

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