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Dom João Carlos Seneme

Amar a Deus sobre todas as coisas

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Nas leituras que a Liturgia nos propõe neste domingo, encontramos vários aspectos do papel da riqueza e do dinheiro em relação à nossa vida cristã . A pregação de Jesus sobre o Reino de Deus  está repleta de alusões à riqueza, afirmando claramente qual deve ser nossa atitude quando nos colocamos seriamente em seu seguimento. Hoje, o profeta Amós e Evangelho de Lucas iluminam esta questão enfatizando que o amor desmedido ao dinheiro nos conduz ao egoísmo e nos desfigura como seres humanos. Infelizmente é um tema muito presente em nosso dia a dia. A frase de Jesus deve ecoar em nossos ouvidos: “Não podemos servir a Deus e ao dinheiro”!

São Lucas apresenta a figura de um administrador habilidoso e inteligente, capaz de encontrar uma saída para resolver seu problema de administração: rapidamente resolve entrar em um acordo com os devedores e renuncia a receber benefícios maiores em vista da demissão iminente.  De fato, ele não foi honesto em relação ao seu patrão, mas foi esperto e fez amigos entre seus devedores. A esperteza deste homem consiste em que, ao surgir uma situação emergencial (ser despedido), não desanimou, nem ficou de braços cruzados. Parou para refletir, verificou rapidamente as possíveis soluções – capinar? mendigar? – e ao encontrar a mais adequada, não se intimidou e a levou a efeito com determinação.

Devemos sempre situar o texto evangélico no contexto da grande viagem para Jerusalém e nesta caminhada Jesus prepara seus discípulos para o momento difícil depois de sua morte e ressurreição. Eles deverão ser fortes, inteligentes e capazes de enfrentar as mais difíceis situações e encontrar soluções para os problemas que surgirão. A parábola não elogia a desonestidade nem a corrupção. Ela quer levar os discípulos a refletir sobre a maneira rápida e eficiente com que o administrador encontrou uma solução: ser amigo dos pobres e utilizar dos bens materiais como meio para garantir um futuro feliz para si e para os outros.

No tempo de Jesus, “decidir-se” significava “crer no Evangelho”, torna-se seu discípulo, colocar-se ao seu lado. Para nós hoje, tomar uma decisão indica mudar de atitude em relação às riquezas e bens materiais. Elas não podem ser um fim em si mesma, onde se investe toda uma vida para acumular e usar em benefício próprio. Devemos administrar a riqueza para viver com dignidade e fazer a alegria dos outros, de modo especial, os pobres. Aqui não se trata simplesmente de doação, mas de reta administração e até restituição.

O Brasil se destaca no cenário mundial pela desigualdade social. Dos 204 milhões de pessoas, apenas uma pequena quantidade, ou menos de 20%, possui hoje condições de educação e padrão de vida que podem ser comparados a países desenvolvidos. Os outros 80%, ou a maioria da população encontra-se em níveis mais modestos, podendo em alguns casos ser comparados aos padrões africanos.

Não podemos perder de vista nosso caminho na direção do Pai, nada deve nos impedir de chegar perto de Deus, foi por nós que Jesus morreu e ressuscitou. É no encontro da comunidade ao redor da Eucaristia que renovamos nossa fé e esperança e buscamos força e coragem para orientar nossa para Cristo, único Senhor, como nos pede o Evangelho (Roteiros Homiléticos, CNBB).

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