Arno Kunzler
Ameaçado?
As concessões feitas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, aumentando o leque de despesas com parlamentares, gerou imediata discussão e mais rejeição da sociedade à imagem já tão desgastada dos nossos políticos.
Todavia, o fato também está servindo para desviar o foco das discussões durante uma semana tensa em que o Brasil discute a permanência de um governo eleito pelo voto direto da população.
Cada dia cresce a rejeição ao governo, e se antes os movimentos de protesto eram apenas vistos como reivindicações de classes, agora são ameaças à continuidade do governo da presidenta Dilma Rousseff.
Não dá mais para ignorar o distanciamento do governo e dos políticos de modo geral, com a opinião pública.
Incapaz de amenizar a tensão com os caminhoneiros, o governo corre contra o tempo.
Se dia 15 de março os caminhoneiros levarem seus possantes para as ruas das cidades, talvez estejamos prestes a ver um momento que o Brasil jamais vivenciou.
O impeachment que antes era considerado uma hipótese remota e distante, começa a corroer as forças do governo no Congresso Nacional, onde o grito das ruas faz eco.
Quem apostar que o movimento pelo impeachment da presidenta Dilma não tem razão de ser pode estar calculando mal.
Quem acha que isso é apenas a oposição ao governo que deseja o impeachment também pode estar calculando errado.
Para quem acompanhou o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992, sabe o poder que tem o povo nas ruas.
O que parece impossível, de uma hora para outra, se torna possível.
O governo Dilma pode estar ameaçado, dependendo da força que vem das ruas no próximo dia 15.
Nem mesmo as tentativas de envolver os políticos do PSDB com a corrupção na Petrobras dos tempos de FHC diminuíram a pressão contra Dilma Rousseff.
Nem mesmo as atitudes dos governos estaduais de oposição tiram da cabeça das pessoas a vontade de se ver livre do governo petista.
Dia 15 de março saberemos o que pode e o que não vai acontecer.
*O autor é jornalista e diretor do Jornal O Presente