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Arno Kunzler

Ânimos acirrados

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Quem se propõe a fazer reformas tirando privilégios, colhe inimigos e desafetos gratuitamente.

Foi assim com o ex-ministro Sérgio Moro, que queria leis mais duras para corruptos e quadrilheiros, prisão em segunda instância e atividades policiais e investigativas independentes.

Outro ministro que segue na mesma linha, propondo reformas que precisam ser feitas, mas que atingem grandes interesses, é Paulo Guedes.

Ele já tirou privilégios dos banqueiros e agora ataca os privilégios dos políticos e dos servidores públicos.

Já sofreu duros golpes na sua luta inglória, mas até agora resistiu.

Todavia, corremos o risco de ver o ministro ser defenestrado dentro do próprio governo e principalmente no Congresso.

É ali onde os interesses escusos de grupos poderosos e exploradores são articulados e incluídos nas entrelinhas.

Paulo Guedes é uma esperança de mudanças profundas no Estado brasileiro; sem ele o governo perderá o principal porta-voz dos grandes temas em discussão.

Guedes é implacável na defesa daquilo que ele acredita, que é o que grande parte dos brasileiros acreditam: um Estado sem paternalismo, juros civilizados e incentivo aos que produzem.

Parece que nisso todos concordamos, esquerda, centro e direita. Então, quem está nos colocando em trincheiras diferentes?

São exatamente esses que se situam nessa linha que precisa ser combatida.

De um lado os servidores que amealharam privilégios ao longo do tempo, sem dar contrapartida.

De outro lado os bancos que ganharam dinheiro como em nenhum outro lugar do mundo.

E, finalmente, aqueles que preferem ganhar dinheiro especulando, ao invés de produzir.

Sempre era mais fácil especular do que produzir no Brasil.

Para o Brasil dar certo é preciso inverter essa lógica. Dinheiro parado não deve ser bom negócio para ninguém.

Funcionalismo público deve ter segurança, mas não privilégios.

E o crime não pode compensar.

É possível que Paulo Guedes não suporte tantos adversários ao mesmo tempo e que vire mais uma vítima desse sistema.

A fritura já começou. Sabemos como funciona.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

 

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