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Elio Migliorança

AOS QUE CHORAM E AOS QUE OFERECEM LENÇOS

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O foguetório é a prova de que o Brasil está, desde domingo último (07), dividido em dois grupos, separados pela linha divisória chamada “resultado das urnas”. No momento em que as maquininhas, símbolo da tecnologia e avanço nacional do processo eleitoral, começaram a cuspir aquelas esperadas tiras de papel, que traziam impressos os números da vontade popular, a reação dos grupos foi instantânea e previsível. De um lado festa, gritos e foguetório; e do outro a ressaca com o sabor amargo de ter sido rejeitado pela vontade popular. Isso aconteceu em mais de 5.500 municípios brasileiros, exceto aqueles que tinham o candidato concorrendo com ele mesmo, isto é, candidato único. Os que choram a derrota devem saber que uma parte da população apoiou suas propostas, embora a maioria tenha escolhido outro projeto. Aos vitoriosos, que vão oferecer lenços, representados pelo tradicional apelo de que passado o processo eleitoral, todos devem se unir para lutar pelo desenvolvimento dos municípios, devem de fato caminhar nesta direção.
As constantes marchas dos prefeitos para Brasília em busca de recursos, junto a um governo que centraliza a arrecadação e gasta mal, penalizando os municípios com desvinculações de receitas, é o mais visível indício da situação falimentar de muitos municípios. E as recentes declarações das autoridades monetárias apontam para dias difíceis nos próximos anos. Este futuro incerto e uma oposição radical em casa podem tornar insuportável a vida das futuras administrações e comprometer bons projetos divulgados nas campanhas.
O direito de escolher nossos governantes deve ser valorizado por todos. Direito precioso, que é negado em certos países no mundo.  A parte triste das eleições são os ataques pessoais a candidatos e eleitores. Pelos jornais, rádios e TVs, temos visto e revisto cenas deploráveis. Não devia ser assim. Conquistar o poder a qualquer preço não é uma ideia salutar. Nem uma estratégia inteligente. Comprar votos, não importa a que preço, se por promessas de cargos ou dinheiro, é uma afronta a todos os princípios e valores que defendemos como sociedade organizada. E neste caso cabe uma análise interessante. Sua excelência, o eleitor, que aplaude os ministros do Supremo Tribunal Federal, pela postura enérgica na cobrança dos desvios de conduta das autoridades, do assalto aos cofres públicos nas maracutaias já conhecidas, joga tudo isso no lixo quando vende seu voto.
O ato de vender o voto é uma covardia que ameaça o futuro. O mensalão foi um assalto no atacado, a venda de voto pelo eleitor é o assalto no varejo, ilegalidade de consequências funestas, pois permite que um corrupto se eleja. Lamentável sob todos os aspectos, e aqui não me refiro a partido A, B ou C, mas a cada eleitor dos mais de 5.500 municípios espalhados pelo Brasil que tenha feito isso. Há um ditado que diz: tanto é ladrão quem entra na horta como quem fica na porta. E não me venha com a desculpa esfarrapada de que o culpado é aquele que oferece. Tanto o que oferece quanto o que aceita estão se prostituindo politicamente.

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