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Elio Migliorança

Aplausos

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Há temas polêmicos que geram apaixonados debates, porque seus defensores estão convictos de que aquilo é a verdade absoluta. Partindo das minhas convicções, quero aplaudir a “virada” protagonizada pelo governo da senhora Dilma Rousseff, que está privatizando aquilo que o governo provou ser incompetente para administrar. Desde que a primeira-ministra Margareth Thatcher assumiu o poder em 1979 na Inglaterra, cargo que ocupou durante 11 anos, ficou provado que o progresso se faz com a moralização das finanças públicas, a redução do papel do Estado e o incentivo ao livre mercado. O Estado deve cuidar do tripé essencial para a vida da população, formado por educação, saúde e segurança. Os demais setores devem ser entregues à iniciativa privada, fiscalizados pelo governo e colocados a serviço do progresso, construindo a infraestrutura necessária para o desenvolvimento. Os impostos arrecadados com a atividade econômica vão fornecer os recursos para as ações governamentais. Como nós pagamos impostos para construção e manutenção de estradas, na medida em que elas vão sendo privatizadas e os usuários passam a pagar pedágio, o imposto deve ser gradativamente reduzido para não pagarmos duas vezes pelo mesmo serviço. Talvez a parte mais difícil para o governo não é a privatização, agora batizada de concessão, outro jeito de fazer a mesma coisa, mas o difícil será retirar tudo o que disseram do governo de Fernando Henrique Cardoso, reconhecer que ele estava certo, já que foi demonizado ao longo dos últimos anos pelos integrantes do atual governo. Embora as privatizações na Inglaterra tenham sido feitas com outro formato, esta mudança de rumo governamental nos coloca nos trilhos do desenvolvimento, rumo seguido pelas grandes potências mundiais. Aplausos também ao jogador corintiano Paulo André Benini, líder do Bom Senso Futebol Clube, que, ao ser perguntado pela Revista Veja, edição 2349, se é bom para o Brasil sediar a Copa do Mundo, numa sinceridade corajosa e surpreendente, respondeu da seguinte forma: “quando foi anunciada a Copa com dinheiro privado, eu comprei a ideia. Hoje vejo que 90% dos estádios utilizaram dinheiro público. Percebi que não foi cumprido o combinado. O futebol mexe com o imaginário popular, desde 1950 o Brasil sonhava em sediar mais uma Copa do Mundo. Mas havia outras prioridades para o uso desse dinheiro. Era melhor investir em educação de qualidade, saúde pública decente, transporte melhor. Se fosse a Copa do dinheiro privado, não teria problema. Como não foi, lamento a gastança na construção dos estádios”. Temos a mesma opinião. Sempre defendi essa ideia. E meu aplauso final vai para um dos condenados no processo do mensalão, o ex-deputado federal e ex-presidente do PTB, Roberto Jefferson, pela coragem que teve ao denunciar o mensalão, denúncia que deu início às investigações que desmascararam o maior escândalo de corrupção da história do Brasil. Sua denúncia derrubou uma quadrilha de poderosos do governo. Sem ele e sua firmeza nas denúncias nada disso teria acontecido. Embora beneficiado com a delação premiada que lhe reduziu a pena em um terço, merecia o perdão total, pois ele permitiu ao Judiciário marcar um ponto importante ao decretar o fim da impunidade para os poderosos de plantão.
* O autor é professor em Nova Santa Rosa
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