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Arno Kunzler

As cores do Brasil

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É perceptível aos olhos de qualquer brasileiro ou não onde um grupo se reúne para protestar a favor do governo Dilma, ou contra o governo Dilma.

É só olhar as cores. Um grupo – a favor da presidente Dilma e do PT estará com bandeiras e camisas vermelhas. O outro – contra Dilma e o PT – estará de verde e amarelo.

O que significa isso de fato e na prática?

Para a maioria das pessoas, nada.

Para quem se enrola numa bandeira do Brasil, veste uma camisa verde ou amarela e vai às ruas, sabe a diferença.

Acontece que um grupo, visivelmente cada vez mais numeroso, que procura a bandeira do Brasil para mostrar sua indignação, vai às ruas por um país, por uma Nação em crise.

Pede mudanças de comportamento dos políticos e instituições mais fortes e protegidas.

O outro, que também com muito orgulho, talvez até muito mais do que os de verde e amarelo, vai para rua defender um governo, um partido ou uma pessoa.

Essa é a grande diferença, a motivação que faz um e outro ir para rua.

Enquanto os brasileiros de verde e amarelo são contra os corruptos e os desmandos dos políticos e demais instituições, de todos os partidos, os de vermelho brigam e defendem até mesmo políticos suspeitos e investigados, sob a alegação de que os da “direita” também são corruptos.

Esse é o único ponto, aliás, de convergência entre os brasileiros de verde e amarelo e os brasileiros de vermelho.

Em todos os governos e em todos os partidos existem corruptos e corruptores. Nisso todos concordam.

Agora, não é possível defender um governo, destruído pelas acusações de corrupção e trapalhadas políticas a se manter no poder, simplesmente porque o anterior também era corrupto.

Ou porque o fulano ou o ciclano também deveriam ser acusados, com a mesma intensidade durante os protestos e incluídos nas investigações da Lava Jato.

O que ficou claro desde domingo último (13) é que o governo Dilma, para se manter no poder, teria que fazer profundas mudanças de atitudes e comportamentos.

Mas as mudanças que fez não foram ouvindo a voz das ruas.

Pelo contrário, o governo Dilma deu abrigo a um ex-presidente que está sendo investigado em vários processos, e qualquer momento poderia ser preso.

Contra ele pesam gravíssimas acusações e que precisam ser investigadas e não jogadas para baixo do tapete.

Uma coisa é certa: o governo Dilma acabou. Ou acabou porque Lula tomou as rédeas, ou acabou porque vai renunciar ou será cassado.

O melhor seria renunciar. Abriria espaço, talvez não para alguém mais competente e nem mais honesto, mas para alguém menos desgastado poder iniciar um processo de transição até as próximas eleições.

Com Dilma presidente e Lula uma espécie de primeiro ministro será difícil o país encontrar um rumo, pelo contrário, vamos ter dificuldades políticas crescentes.

Um processo de cassação, que no caso dela não renunciar, certamente ocorrerá, será bem demorado e traumático e afundará o país numa recessão pior do que já está.

Então, o melhor gesto de brasilidade que a presidente Dilma poderia fazer neste momento é renunciar.

O pior é tentar terminar o governo da forma como está, brigando o tempo todo contra o impeachment.

O Brasil realmente não merece tudo isso.

Estamos vendo o caos político promovido por uma presidente incompetente, rodeada por um bando de políticos corruptos tentando usar o governo para se livrar da cadeia.

 

Jornalista e diretor do Jornal O Presente

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