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Tarcísio Vanderlinde

As dicas de Flávio Josefo para a arqueologia

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Em viagem pela Terra Santa nos anos de 1960, o escritor gaúcho Érico Veríssimo já havia percebido a relevância da indicação dos textos bíblicos para as descobertas arqueológicas. Contudo, dicas para os achados podem aparecer também em outras fontes.

Os escritos de Flávio Josefo são considerados valiosos para a localização de sítios relacionados aos relatos bíblicos. Diversas descobertas arqueológicas na Terra Santa decorrem da forma minuciosa como Josefo descrevia paisagens, conflitos ou edificações.

Edward Robinson, ainda na primeira metade do século XVIII, identificou diversos sítios relacionados à história bíblica orientado pelos escritos de Josefo. Apesar de não ser arqueólogo, seu trabalho lhe rendeu a reputação de fundador da arqueologia bíblica, influenciando o futuro trabalho no campo arqueológico.

Entre seus achados se destaca o arco de sustentação de um dos acessos ao Templo de Herodes. A descrição do local feita por Josefo foi fundamental para a localização e identificação do arco. Com o nome de “Arco de Robinson”, o objeto pode ser identificado pelo visitante ao lado do corredor atual que dá acesso ao monte do Templo na cidade antiga de Jerusalém.

O mesmo se pode dizer a respeito do “Arco de Wilson”, identificado por outro explorador e que se encontra no ambiente do Muro das Lamentações. O arco acabou sendo readequado em anos recentes para múltiplas finalidades, como lugar para cerimônias de Bar Mitzvah, orações e biblioteca.

Josefo esclarece que a estrutura original do arco fazia parte da sustentação da ponte que ligava a cidade alta ao templo e que incluía um aqueduto. O acesso foi parcialmente destruído durante o ataque do Exército romano comandado por Tito a Jerusalém em 70 d.C..

Os escritos de Josefo jogaram luz sobre uma descoberta recente feita pelo amigo arqueólogo Eli Shukron próximo ao Muro das Lamentações. Trata-se de um minúsculo sino que costumava ficar na orla das vestes do sumo sacerdote.

De acordo com Josefo, o som sutil do sino era reconhecido pelos judeus religiosos. Havia 72 desses sinos pendurados na veste sacerdotal. O sacerdote caminhava e os sinos de suas vestes faziam um som distinto. O som não era alto, mas evocava reverência.

Um lugar de destaque descrito em detalhes por Josefo é a fortaleza de Massada, lugar de sangrentos conflitos no deserto de Judeia. O que se sabe sobre a história deste lugar nos é contada basicamente por Josefo. O restante resulta de intensos trabalhos de arqueologia realizados no local só a partir dos anos de 1960.

 

O autor é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

 

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