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Editorial

Até os heróis podem morrer

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A morte de Alessandro Camargo Ribas, de 37 anos, que se afogou no Lago Municipal de Marechal Cândido Rondon na noite de domingo (26), é o fim mais trágico de uma tragédia que vinha sendo anunciada, sem que as pessoas soubessem.

O homem, natural de Ponta Grossa e que vivia na cidade há poucos meses, perdeu a vida ao salvar um adolescente de 14 anos, que se afogou após pular no lago para pegar uma bola.

Pessoas se atirando no lago é mais comum do que se pensava. A cena, apesar de proibida, é repetida inúmeras vezes. Quem cuida do local já está acostumado a ver esse tipo de atitude. Um perigo que custou caro. É a primeira morte registrada no Lago Municipal (e que seja a última).

Mas para que essa fatalidade não se repita, é preciso fazer algo. As autoridades públicas devem tomar medidas para melhorar a segurança no local, seja colocando mais fiscalização, mais sinalização dos perigos ou instalando equipamentos que possam melhorar a segurança e evitar o acesso ao lago. Por outro lado, as pessoas precisam refletir sobre os perigos que o lago pode apresentar, especialmente para crianças ou adultos que não tenham certa habilidade para nadar ou para quem consumiu bebidas alcóolicas.

Algo precisa ser feito para que tragédias não se repitam.

Com a chegada do calor, está aberta também a temporada de afogamentos. Não é de hoje que morrem mais pessoas nos rios, córregos, cavas e lagos do que nas praias do Paraná. As pessoas procuram esses lugares para se refrescar, mas os riscos que essas paisagens trazem são proporcionais às belezas desses locais.

Em Marechal Cândido Rondon, rios, cachoeiras e o próprio Lago de Itaipu, que banha a praia artificial, são lugares que atraem milhares de pessoas nas épocas mais quentes do ano. E esses locais, muitas vezes, escondem armadilhas, como muita lama, galhos, pedras e entulhos, capazes de serem gatilhos para um afogamento. Para piorar, nesses locais não há equipes de socorro, como salva-vidas, e são de difícil acesso, impossibilitando uma resposta rápida de uma equipe médica ou de salvamento caso algo ocorra.

Portanto, a prevenção é fundamental.

Imaginar e calcular riscos, não subestimar a natureza e conhecer os próprios limites é fundamental, é básico. Saber nadar é imprescindível para quem deseja usufruir desses locais. Usar equipamentos de proteção, como os coletes salva-vidas, também deve estar no radar de quem frequenta esses locais.

Infelizmente uma tragédia tirou a vida de um pai de família. Uma tragédia em um dos cartões postais de Marechal Rondon. Uma tragédia que descortina um problema que a sociedade nem sabia que tinha. Uma tragédia que não pode voltar a se repetir.

Uma tragédia que mostrou o lado mais nobre do ser humano. Alessandro Camargo Ribas mostrou que heróis estão em nossa volta. Morreu ajudando a salvar a vida de uma pessoa que ele nem conhecia. Uma tragédia que mostra que até os heróis podem morrer.

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