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Arno Kunzler

Autoridade: quem está abusando?

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Virou frase da moda, abuso de autoridade…

Enquanto os políticos que no passado recente fizeram as leis atuais agora se voltam contra elas e acham que elas dão poder demais para o Ministério Público, Polícia Federal e os juízes, a sociedade discute…

Na maioria das vezes vejo pessoas a favor da lei que deseja imputar maior rigor ao abuso de autoridade, vindo de políticos e pessoas ligadas a políticos, advogados assessores e talvez a totalidade dos que temem um dia enfrentar a Justiça.

No entanto, o que não me deixa em paz é saber que onde se pratica o abuso de autoridade é justamente no poder delegado pelos eleitores.

Será que os policiais, promotores e juízes estão sendo tão abusados quando prendem um empresário que confessa tantos crimes de bilhões de reais?

Quando prendem um político pego com a mão na massa, desviando dinheiro público da saúde e da educação?

Quando detonam um esquema de corrupção patrocinado por parlamentares, muitos ligados ao agronegócio, cobrando propina de frigoríficos para facilitar seus trâmites burocráticos?

Quando pedem para o PP restituir R$ 2 bilhões relativos à multa e devolução de recursos desviados dos governos em negociatas e tramas que sugerem uma grande quadrilha dentro do governo, em ação permanente?

Verdadeiramente eu não consigo ver mais abuso de autoridade do que o praticado por nossos ilustres políticos, inclusive os que defendem essa lei.

O Brasil precisa de um choque de realismo, de enfrentamento com esse esquema podre e corrupto, e não são os políticos que farão isso.

Se alguém hoje representa uma esperança para mudar esse caos são justamente essas instituições, e nem me refiro ao Supremo Tribunal Federal (STF), Tribunais de Justiça dos Estados e outros, tão comprometidos com esse estado de coisas quanto os próprios políticos.

Refiro-me aos juízes dos Estados e federais, concursados e não nomeados pelos políticos. Esses, sim, têm predisposição a derrubar essa organização criminosa que se instalou no Brasil.

Os promotores e delegados da Polícia Federal, claro nem todos, mas um grupo considerável que dá sinais de que não dará trégua aos poderosos empresários e seus comparsas que lotearam o nosso Brasil.

Esse país que caiu em desgraça política por causa dos governos corruptos. Não eram pessoas corruptas dentro dos governos, eram governos inteiros a serviço da corrupção.

Como acabar com isso sem ter uma lei forte que dá poder aos investigadores e juízes?

Mesmo que eles possam cometer algum exagero em busca de provas e dos criminosos, ainda assim merecem respaldo para continuar seu trabalho.

Se Sérgio Moro não tivesse tido a ousadia de permitir a publicação daquele áudio, a conversa de Lula e Dilma não poderia ser de conhecimento do povo brasileiro.

Então, entre os malefícios produzidos por eventuais abusos de autoridade praticados por delegados, promotores e juízes ou permanentes abusos praticados por políticos que se perpetuam no poder juntamente com setores do poder econômico, qual é o menos nocivo?

Alguns juristas ligados a políticos parecem que têm a ideia fixa de que “abuso” só vem da repressão policial. E que nossos políticos e empreiteiros, mesmo os que praticamente venderam a pátria, não podem ser molestados, nem mesmo quando há provas suficientes para incriminá-los.

Ninguém abusa mais do que nossos políticos no Brasil e eles não merecem guarida para continuar roubando livremente, soltos e usufruindo os benefícios obtidos ilicitamente.

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