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Dom João Carlos Seneme

Bendito seja o Pai, bendito seja o Filho e bendito seja o Espírito Santo

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Com a Solenidade de Pentecostes, celebrada no domingo passado (23), encerramos o tempo pascal e retomamos o tempo comum na liturgia. Hoje somos convidados a olhar com mais atenção sobre o grande mistério da Santíssima Trindade. Ela é o centro de nossa fé: a vida cristã tem sua origem no Pai, no Filho e no Espírito, haja vista que em todos os encontros como comunidade de fé nossa oração é sempre dirigida ao Pai, por meio de Cristo, no Espírito Santo.

A oração do “Creio” tem uma estrutura trinitária; a celebração eucarística, por sua vez, está toda permeada por uma fundamentação trinitária: em toda ela há momentos que nos dirigimos ao Pai por meio do Filho na unidade do Espírito Santo. Pedimos ao Espírito Santo que transforme o pão e o vinho no corpo e sangue de Jesus. O sentimento que nos invade é que somos a família de Deus envolvida no projeto de salvação da humanidade. Isto indica que a Trindade Una e Santa se manifestou concretamente na história humana e entrelaçou sua vida com a nossa.

São Paulo na Carta aos Efésios (1, 1ss) descreve os vários momentos desta ação salvadora: Deus Pai concebeu o desígnio de tornar o homem seu filho, reunindo em Cristo todas as coisas; mandou ao mundo, com este objetivo, seu Filho, que com sua paixão e morte nos redimiu e nos incorporou a si, fazendo de nós filhos adotivos do mesmo Pai e coerdeiros de sua glória; esta salvação, operado por Cristo uma vez para sempre, torna-se atual na Igreja e em cada fiel mediante a infusão do Espírito Santo.

Deus é Pai porque é gerador e fonte de vida. Realidade que não vemos nem entendemos, mas sentimos que nos abarca, nos abraça, nos cria, nos faz, nos mantém vivos a cada minuto de nossa existência. Esta revelação nós adquirimos através do Filho, só temos um Pai porque Jesus nos revelou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida: ninguém vai ao Pai se não for por mim. O Pai que está em mim realiza suas próprias obras. Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14, 6-11). Deus concede seu Espírito. Todo o conhecimento que temos de Deus só é possível a partir do Espírito Santo. O Filho só revela o Pai na glorificação que se dá na cruz pelo Espírito Santo. A comunidade só reconhece e proclama o homem Jesus como Filho de Deus após a ressurreição, pelo espírito. O dom do espírito faz nascer a Igreja e ela é sustentada desde sempre pelo espírito.

A unidade desse plano salvífico revela a unidade de seus realizadores. A forma que encontramos para agradecer e “entender” esta unidade é que Deus Trindade é uma comunhão de amor. O fundamento de tudo é afirmar que Deus é amor! Por isso não podemos ficar raciocinando procurando entender. Diante deste mistério de amor só podemos contemplar.

Assim com a comunhão da Trindade resulta do amor, da mesma forma a união da comunidade dos filhos e filhas de Deus. O egoísmo é banido do coração dos irmãos de fé, pois o perdão e a reconciliação falam mais forte. Todo tipo de desunião deve ser afastada do nosso convívio: fofocas, intrigas, competições, ódio, inimizades e tantas outras armadilhas que demonstram que fomos criados à imagem de Deus. Bendito seja Deus Pai, bendito o Filho Unigênito e bendito o Espírito Santo. Deus foi misericordioso para conosco. Amém!

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

 

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