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Elio Migliorança

BICUDO

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Enquanto os brasileiros acompanham a agenda política, um manifesto público no coração de São Paulo, em 22 de setembro, passou quase despercebido. Notáveis da resistência no processo de redemocratização do país, alguns perseguidos políticos no passado, vieram a público para um grito de alerta em defesa da democracia e do respeito à ordem. Entre eles Helio Bicudo, fundador do PT e vice-prefeito de São Paulo na gestão Marta Suplicy, e mais Miguel Reali Junior, José Gregori, Dom Paulo Evaristo Arns, Carlos Veloso – ex-presidente do STF, o poeta Ferreira Gullar, os historiadores Marco Antonio Villa e Boris Fausto, os atores Carlos Vereza e Mauro Mendonça, a atriz Rosamaria Murtinho, os cientistas políticos José Arthur Gianotti, José Álvaro Moisés, Lourdes Sola e muitos outros. Pessoas que lutaram em defesa de todos estão assustadas com o rumo que as coisas estão tomando. Abaixo algumas colocações do “Manifesto em defesa da democracia”.
“Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais. É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos. É lamentável que o presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle. É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade. É constrangedor que o presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas 24 horas do dia. Não há ‘depois do expediente’ para um chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no ‘outro’ um adversário que deve ser vencido segundo regras da democracia, mas um inimigo que tem de ser eliminado. É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a história, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo. É um escárnio que o mesmo presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo. Brasileiros, erguei a voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade”. De Bicudo só o sobrenome do Helio e o título deste artigo porque o assunto é muito sério.

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