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Elio Migliorança

BOM E MAU MOMENTO

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O bom momento vivido pela agropecuária nacional no último ano foi atingido por uma praga de “bruxa malvada”. Estávamos indo bem, mas de repente tudo virou do lado avesso. Os russos mal-humorados resolveram desgostar, não se sabe por que, do jeito suíno de ser dos nossos porquinhos e suspenderam a importação de carne suína, um duro golpe no setor produtivo nacional. Notícias diárias revelam o desespero dos produtores que estão pagando para produzir. Muitos pensam em abandonar a atividade e outros são obrigados a fazê-lo por não possuírem condições para continuar no ramo. Não bastasse isso e lá vem o “senhor inverno” carrancudo e mal-humorado e nos aplica uma geada no pior momento de nossa sonhada safrinha de milho, e da noite para o dia o que era esperança de boa colheita e preços compensadores, transformou-se em tristeza e prejuízo.

Alguns criticam o plantio de culturas de verão no inverno, mas a esperança foi alimentada pelo governo, que estendeu o prazo do zoneamento agrícola para o plantio desta safra. Isso e os preços convidativos em vigor no mercado foram fatores determinantes para a decisão da maioria. Com a prorrogação, foi possível contratar o seguro para o plantio. O problema consiste na porcentagem de cobertura do seguro, em sua maioria limitado a 80% das despesas com a produção, ficando o produtor no prejuízo com 20% do custo.

Aqueles que não dependem de geada ou chuva dirão que quem plantou o fez porque quis. De certa forma sim. Você também faz três refeições por dia porque quer. Podia fazer apenas duas ou talvez uma. Comer é uma questão de sobrevivência dirão outros. Produzir também é uma questão de sobrevivência para o agricultor, afinal, é dali que saem os recursos para sua família. O nó da questão é que o seguro agrícola não devia cobrir apenas a despesa de produção, mas garantir uma renda mínima para o agricultor manter sua família neste período. O governo aproveita-se da agricultura nos bons momentos para garantir o superávit da balança comercial, devia então garantir o produtor nos momentos adversos.

O Código Florestal é outra novela que não tem fim. Discutido e rediscutido nos últimos cinco anos, parece andar em círculo, não chega ao final. E mais uma vez fica a pergunta que ninguém responde: por que só o trabalhador rural tem que entregar 20% de sua propriedade para preservar o meio ambiente? Qual a contribuição do cidadão urbano? Já que os impostos são pagos por todos, inclusive pelo produtor rural, porque o governo não adquire 20% das propriedades rurais e as transforma em área de preservação? Seria a forma mais justa de cada um pagar sua parte.

A vinda da presidenta Dilma ao Paraná para o lançamento do “plano safra” da agricultura familiar 2011/12 mostra a força política do Estado no atual governo. Quem sabe nossos representantes nos altos cargos da República, profundos conhecedores da angustiante realidade da agricultura nacional, possam sensibilizar o governo a consolidar um sistema justo e definitivo para o setor produtivo. As demissões na cúpula do Ministério dos Transportes mostram que coragem não falta na República das mulheres. Nosso apoio e ponto para elas.

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