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Elio Migliorança

Brotou das areias do deserto

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Muitos contos e lendas já povoaram a imaginação das pessoas quando o assunto é Dubai. Quando seu bolso permite e sua cabeça está preparada, o melhor a fazer é ir lá e conferir se as informações procedem. Foi o que fiz em novembro último. Retornando decidi compartilhar as informações e o meu ponto de vista, aberto às opiniões contrárias e respeitando os que viram as mesmas coisas e tiraram conclusões diferentes.

Para mim, Dubai foi surpreendente em todos os sentidos. A primeira grande descoberta foi de onde surgiu a ideia da construção do país na forma como o encontramos hoje. Há 55 anos foi descoberto petróleo na região que até então era habitada por beduínos que pastoreavam seus rebanhos no deserto e por comerciantes que habitavam a região próxima ao mar.

A descoberta do petróleo e o lucro gerado com a venda mudaram radicalmente a vida do povo da região. O governo até hoje é exercido por um sheik, o monarca líder e autoridade máxima com poder vitalício. O projeto de Dubai que vemos hoje é fruto do planejamento lançado e executado pelo Sheik Rashid nos anos de 1970, o qual diante da riqueza oriunda da venda do petróleo, e numa ideia visionária de futuro, certa ocasião declarou: “Meu avô andava de camelo, meu pai andava de camelo, eu ando de Mercedes, meu filho anda de Land Rover, meu neto vai andar de Land Rover, mas meu bisneto vai andar de camelo de novo”.

Isto porque, segundo ele, em 50 anos o petróleo acabaria, e se isso não ocorresse o mundo descobriria novas fontes de energia e não mais dependeria do petróleo. Por isso foi iniciado um projeto de construção de um país que em 50 anos não dependesse mais do petróleo. Esta foi a ideia lançada em 1970 que deu início ao projeto da Dubai que eu conheci durante minha viagem.

Os 50 anos vencem no ano que vem, isto é, em 2020. Surpreendente foi saber que o projeto passou de pai para filho e sua execução foi cumprida ao pé da letra, resultando na Dubai que conhecemos hoje. Alguns que possuem um olhar limitado sobre este projeto o resumem de forma rasteira dizendo que lá eles possuem muito dinheiro e por isso fizeram acontecer. Pode ser em parte verdade, mas a questão mais importante não é ter muito dinheiro, é o que se faz com o dinheiro que se tem. No caso deles havia um projeto de país, que foi executado de ponta a ponta sem desvio de finalidade.

Comparando com o Brasil aí está uma diferença fundamental: aqui não se faz um projeto de país, e sim projeto de governo que muda a cada quatro anos. Além do propósito inicial que foi buscar uma nova matriz econômica para o país, outro objetivo era chamar a atenção do mundo para atrair o turismo mundial, sem dúvida a mais importante indústria da atualidade, a indústria sem chaminés que traz muito dinheiro.

Para chamar atenção, a estratégia foi construir as maiores obras do mundo em cada setor, despertando assim a curiosidade dos viajantes e atraí-los para Dubai. Ambos os propósitos foram alcançados.

Batendo à porta do ano de 2020, o quinquagésimo ano da previsão feita pelo Sheik Rashid em 1970, Dubai tem suas receitas assim distribuídas: 40% do turismo, 30% do setor imobiliário, 20% serviços e 7% apenas do petróleo. No próximo artigo trarei novos conhecimentos sobre a história de Dubai.

 

O autor é professor em Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

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