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Arno Kunzler

Cadê a verdade

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Desde a morte de Teori Zawaski reina uma desconfiança generalizada sobre o acidente que ceifou a vida do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que nesta semana ouviria os executivos da Odebrecht para homologar suas delações premiadas.

É óbvio que foi um acidente. O avião caiu e matou todos os passageiros e tripulantes.

Mas a motivação da viagem e os acontecimentos que viriam, caso Teori estivesse vivo hoje, é que criam em grande parte dos brasileiros essa imaginação de que alguém poderia ter sabotado aquele voo, na esperança de retardar ou quem sabe até abafar as bombásticas delações.

Ninguém é tão ingênuo a imaginar que os interesses em jogo não seriam motivação suficiente para qualquer coisa, inclusive matar alguém, caso isso livrasse da cadeia algum ou vários políticos de grande influência no governo central.

Então, antes de acreditamos que foi fatalidade simples e puramente, podemos, sim, desconfiar e levar adiante nosso ceticismo de que algo pode ter havido a provocar aquele voo e sabotar seu destino.

Teori vinha demonstrando grande equilíbrio e praticamente homologando e validando todas as decisões do juiz Sérgio Moro.

Com sua morte, ninguém sabe o que poderá acontecer, nem em que velocidade esses processos andarão.

Claro, os discursos oficiais são todos bem elaborados e direcionam no mesmo sentido, de que tudo vai ser feito de acordo com a lei e a importância da Lava Jato.

Mas me poupem que alguém que esteja na mira do juiz Sérgio Moro e próximo de ser denunciado e sentenciado possa pensar em seguir rigorosamente os ditames da lei.

Isso é do ser humano, lutar pela vida e pela sua liberdade até as últimas consequências.

Logo, motivos para evitar o andamento normal das investigações são fortes e contundentes.

Ninguém jamais poderá explicar e talvez nem haja interesse em explicar a motivação daquela viagem e muito menos o que de fato aconteceu.

Portanto, se ficarmos em dúvida, se as investigações sobre o acidente não nos convencerem, estamos no nosso direito de desconfiar.

É bom que as autoridades saibam que muita gente vai questionar as explicações oficiais e talvez tenhamos para sempre um episódio marcante da nossa história, cuja versão oficial não convence grande parte das pessoas.

A sede de justiça dos brasileiros foi frustrada, nesse primeiro momento.

Com qualquer decisão do STF sobre o futuro da Lava Jato, haverá prejuízos, por certo.

Resta saber como o novo ministro, responsável pelos processos, agirá em relação à força-tarefa que vem atuando em várias frentes. Só depois saberemos o tamanho do prejuízo que esse desastre provocou ao Brasil e aos brasileiros esperançosos por justiça.

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